No dia 19 de junho, a Polícia Federal, do governo fantoche encabeçado pelo direitista Peña Nieto, arremeteu contra professores, estudantes e pais de alunos contra piquetes, no estado de Oaxaca, localizado ao sul do país, deixando um saldo de pelo menos oito mortos, 22 desaparecidos e 94 feridos, dos quais 45 foram feridos com balas de armas de fogo. Após ter conseguido passar pelo piquete no povoado de Nochixtlán, a Polícia enfrentou dura resistência em Hitzo e em Hacienda Blanca. Resistência e enfrentamentos também aconteceram em várias outras localidades. As barricadas foram desmontadas, mas a população não se amedrontou. As barricadas imediatamente foram montadas novamente, apesar das ameaças e dos assassinatos.
O aguerrido movimento da educação não é um fenômeno novo no México. A resistência contra o “neoliberalismo”, e especificamente contra a “reforma da educação”, tem longa tradição, principalmente nos estados de Oaxaca e de Guerreiro.
Professores: à cabeça da resistência dos trabalhadores
O movimento de professores tem conseguido colocar contra a parede a burocracia da CNTE (Coordenação Nacional dos Trabalhadores da Educação) e da esquerda burguesa agrupada no Morena (Movimento de Regeneração Nacional) do ex dirigente do PRI (Partido Revolucionário Institucional, que hoje encabeça o governo), e ex dirigente do PRD (Partido da Revolução Democrática) que tentam canalizar o movimento para as vias institucionais e o acordo com a direita e o imperialismo. A esquerda burguesa atua como auxiliar da direita na escalada dos ataques contra o povo mexicano.
A luta dos professores mexicanos ainda se estende a outra regiões do país, como o Isto de Tehuantepec e La Mixteca. O bloqueio dos acessos à refinaria de Salina Cruz colocaram contra a parede não somente o governo, mas também a burocracia sindical do STPRM (Sindicato dos Trabalhadores Petroleiros da República Mexicana).
A ala combativa do CNTE tem atuado principalmente nos estados de Oaxaca e de Guerreiro. Esse foi a principal razão das derrotas sofridas em 2006 e em 2013. Mas também há a ilusão do diálogo com o governo federal e os governos estaduais.
A resistência dos professores mexicanos representa a linha de frente da luta contra a “nova onda neoliberal” no México e, como se trata de uma política regional, representa também a linha de frente da resistência ao imperialismo norte-americano em toda a América Latina.
O governo de Peña Nieto com a língua de fora
O governo do presidente Peña Nieto foi imposto diretamente pelo imperialismo norte-americano, de maneira ultra fraudulenta, no final de 2012. Essa operação foi tão escancarada que deu lugar ao movimento “Yo Soy 132!”, impulsionado principalmente por estudantes, contra a brutal manipulação das eleições, promovida pelos PIG (Partido da Imprensa Golpista) locais, principalmente pelo Grupo Televisa. O objetivo era impor a reforma trabalhista, a privatização da educação, da Pemex (Petróleos Mexicanos) e do setor elétrico, contra os trabalhadores e a serviços dos lucros dos monopólios, que estavam vendo os lucros caírem nas chamadas maquiladoras, as manufaturas “mexicanas”, orientadas às exportações para os Estados Unidos. A pressão pela contenção da queda da taxa de lucros ficou ainda maior por causa da queda do consumo nos Estados Unidos e o aumento dos salários dos operários chineses.
A direita, agrupada no PAN (Partido de Ação Nacional) enfrentava enorme desgaste por causa dos dois últimos governos “neoliberais”, da década passada.
Peña Nieto não conseguiu privatizar a educação por causa da enorme resistência dos professores e dos estudantes. Ele conseguiu impor a reforma trabalhista com gigantescos ataques contra os trabalhadores, logo no início do governo, em 2013. Peña Nieto conseguiu entregar a Pemex de maneira integral, o que provocou perdas históricas no ano passado. Mas o governo ficou com a língua de fora e não está conseguindo entregar a educação nem o setor elétrico.
O regime burguês contra os trabalhadores
Todos os partidos integrados ao regime, desde a direita até à esquerda burguesa, são responsáveis pela escalada dos ataques contra os trabalhadores. Eles assinaram o chamado “Pacto por México” em 2013 que tinha precisamente esse objetivo. Eles também são responsáveis pela chamada “guerra contra as drogas”, a versão local da lei antiterrorista, também imposta pelo imperialismo, que já deixou um saldo de 200 mil pessoas mortas, que tem como objetivo principal criminalizar e combater, por meio do terror do estado, os movimentos sindical e popular, na tentativa de entregar tudo para os monopólios.
O regime político no México enfrenta uma enorme crise, assim como está acontecendo em todos os países da região. O imperialismo prepara a volta do direitista PAN, da mesma maneira que aconteceu na Argentina e está acontecendo no Brasil, na Venezuela, no Equador, na Bolívia, no Chile, no Uruguai e, em fim, em toda a América Latina.
O regime político burguês está com pouquíssimas alternativas, pois tem sido atingido em cheio pela crise econômica. Será que o imperialismo vai conseguir “reciclar” novos direitistas, ao estilo Maurício Macri? A direita conseguirá avançar nos planos de “ajuste” e na “nova onda neoliberal”? A ala esquerda do regime conseguirá atuar como o espantalho do regime com a função de conter os trabalhadores?
Com o iminente aprofundamento da crise capitalista, as rachaduras no controle das massas pela “frente popular” tendem a aumentar. Um novo colapso capitalista está colocado para o próximo período. Esta é a base da desintegração do regime burguês e da inevitável entrada em movimento da classe operária em escala mundial, superando os longos anos de “sono neoliberal”.
A luta dos professores mexicanos é a luta de todos os trabalhadores latino-americanos contra o imperialismo.
Fora o imperialismo da América Latina!
Na etapa atual, os trabalhadores permanecem desorganizados por dois fatores principais. Primeiro, porque persiste toda a desorganização do refluxo do movimento operário, promovido pelos ataques “neoliberais”, iniciados na década de 1990, contra os trabalhadores. Segundo, por causa da contenção social imposta pela burocracia sindical e dos movimentos sociais.
Com o aprofundamento da crise do capitalismo e seu desenvolvimento, inevitavelmente os trabalhadores deverão entrar em movimento.
Os revolucionários latino-americanos devem organizar um trabalho político nas fábricas e mobilizar a partir das necessidades mais sentidas dos trabalhadores, contra os planos de “ajustes fiscais”, em defesa dos empregos, dos salários e de um alto padrão de vida. Para isso, é preciso uma medição precisa do estado de ânimo das massas com o objetivo de colocar em pé uma política de agitação com palavras de ordem que elevem a consciência e a organização dos trabalhadores perante a situação política.
Todo apoio aos professores mexicanos!
Fora o imperialismo do Brasil e da América Latina!
Abaixo os golpistas e seus agentes!
Abaixo a política de preservar a “governabilidade”!
Não ao acordão da esquerda burguesa com a direita!
Não ao Ajuste, pelos Direitos dos Trabalhadores!
Que a crise seja paga pelos capitalistas!