A diplomata afimou em sua conta no Twitter que não basta aos EUA o uso ilegal de rádio e TV contra Cuba: Washington insiste no emprego da internet como arma de subversão.
No les basta con uso ilegal de radio y TV vs. #Cuba, insisten en empleo de Internet como arma de subversión #EEUU https://t.co/cWMCuqT8Rj
— Josefina Vidal (@JosefinaVidalF) 25 de agosto de 2016
Ela se refere à matéria do portal Cubadebate, que denuncia as estratégias que seriam discutidas para usar a internet contra o governo cubano em uma conferência que ocorrerá em Miami financiada pelo Escritório de Transmissões para Cuba (OCB, na sigla em inglês) e que reunirá opositores cubanos.
Cuba Internet Freedom Conference será a primeira conferência nos EUA destinada a discutir a situação da internet em Cuba. O objetivo é “melhorar os direitos digitais e fomentar o livre acesso” à internet na ilha, segundo o site do Conselho de Governadores de Radiodifusão (BBG), órgão governamental que supervisiona vários serviços de informação financiados pelo governo dos EUA, como é o caso do OCB e das redes Voz da América, Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade e Rádio Ásia Livre, organizações que se empenham na batalha midiática contra governos não alinhados a Washington.
Cubadebate afirma que essa conferência faz “parte dos programas de subversão do governo estadunidense contra a Ilha” que aspira a uma “mudança de regime” por meio do uso das novas tecnologias.
Esse não é o primeiro projeto implementado pelo OCB contra Cuba, relata o portal, lembrando da plataforma Zunzuneo, uma rede social idealizada para agir em Cuba e que encobria uma operação secreta financiada e dirigida pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
“Esta entidade governamental empregou empresas de fachada constituídas em segredo e financiamento a partir de bancos estrangeiros através das novas tecnologias (via telefones celulares e redes sociais), cujo propósito consistiu em criar situações de desestabilização para provocar mudanças no ordenamento político cubano”, recorda o artigo.
O site cubano informa também que, segundo dados oficiais do governo dos EUA, nos últimos 20 anos foram destinados 284 milhões de dólares para programas de mudança de regime em Cuba e este ano o orçamento subiu para 30 milhões, em comparação ao teto de 20 milhões estabelecido nos últimos anos.
Além disso, 797 milhões de dólares foram destinados desde 1984 a financiar a Rádio Martí, pertencente ao OCB, que também controla a TV Martí, ambos veículos que operam desde Miami transmitindo ilegalmente conteúdo contra Cuba.
No entanto, devido à sua baixa audiência, as operações do OCB estão sendo redirecionadas a desenvolver o portal digital Martí Noticias, ligado a esses veículos, e também criar um mecanismo alternativo de distribuição de seus conteúdos através de CD's e memórias flash, segundo o jornal El Nuevo Herald. Isso também será discutido na conferência, que ocorrerá em setembro.
Também devido à baixa audiência, o Congresso dos EUA já havia cancelado, em 2014, um serviço que transmitia sinais de rádio e televisão para Cuba a partir de um avião.
20 anos de internet em Cuba
Cuba comemora neste mês de agosto os 20 anos de sua primeira conexão à internet.
Em 22 de agosto de 1996, a partir do Capitólio de Havana, antiga sede do Ministério de Ciências de Cuba, a ilha se conectava à internet pela primeira vez. A ação foi de responsabilidade do CENIAI (Centro de Intercâmbio Automatizado de Informação).
Hoje, o acesso à internet em Cuba ainda é restrito devido ao bloqueio que o país sofre dos Estados Unidos, que controlam principalmente os cabos de fibra ótica necessários para o bom funcionamento da rede.
Mesmo assim, o governo cubano tem implementado serviços gratuitos de acesso, a partir de centros públicos de navegação, zonas com Wi-fi (como parques e regiões centrais), entre outras iniciativas. Nas províncias de Havana e Pinar del Río, todos os municípios possuem acesso público Wi-fi. Segundo fontes oficiais, 30% da população cubana usa tecnologia Wi-fi para se conectar à internet.
“Agradecemos a todos que nos acompanharam em todos esses anos; a todos que trabalharam para tornar nossos sonhos realidade, por uma internet mais ampla, inclusiva e segura e sem desigualdades nosso maior agradecimento”, escreveu nesta sexta-feira Jesús Martínez, então diretor do CENIAI na época.