Ainda sem os resultados da autópsia, o ministro do Governo, Carlos Romero, confirmou, ontem, quinta-feira, o «brutal assassinato» do vice-ministro do Interior, Rodolfo Illanes, morto à pancada. Mais tarde, o ministro da Defesa, Reymi Ferreira, disse a um canal televisivo que Illanes tentou dialogar com os cooperativistas mineiros que há três dias bloqueavam as estradas junto à localidade de Panduro, a 180 km da capital, La Paz, refere a TeleSur.
Ali, tinham-se registado confrontos entre a Polícia e os cooperativistas. Illanes foi sequestrado na quinta-feira de manhã e terá sido morto entre as 17h30 e as 18h locais (menos cinco que em Portugal continental).
Reymi Ferreira considerou «terrivelmente criminosa» a atitude dos dirigentes cooperativistas, referindo-se aos líderes da Federação Nacional das Cooperativas Mineiras (Fencomin), que tinha convocado os protestos contra a lei promulgada pelo Governo. Os mineiros repudiam-na porque estimula a formação de sindicatos nas cooperativas, e os mineiros entendem que é prejudicial para o sector, que querem ver liberalizado.
O ministro da Defesa deixou ainda claro, na quinta-feira à noite, que não foram enviadas tropas para a zona do conflito, tendo sublinhado que esses rumores se deviam a sectores da oposição.
Evo Morales: «Estamos perante um complot»
Numa conferência de imprensa dada hoje no Palácio do Governo, em que esteve acompanhado pelo seu Executivo, o presidente da Bolívia lamentou profundamente o assassinato do vice-ministro, tendo classificado como cobarde a atitude dos que sequestraram, torturaram e mataram Illanes, e afirmou que esta acção constitui «uma conspiração política» contra o país sul-americano.
«Estamos perante um complot permanente: primeiro, foram as mobilizações das pessoas com deficiência; depois, os membros do transporte pesado; e agora um sector do cooperativismo mineiro», alertou Morales.
O chefe de Estado sublinhou que vários elementos da oposição de direita apoiaram as exigências de privatização destes mineiros e responsabilizou alguns órgãos de comunicação que se juntaram à onda de mentiras surgida desde o início desta situação e que trouxe o luto à família boliviana, disse.
O mandatário boliviano afirmou ainda que é necessário investigar em profundidade as mortes suspeitas de mineiros mobilizados, na medida em que os polícias estavam nos locais dos bloqueios sem armas letais, informa o Cuba Debate.
«Nós lutamos pelos recursos naturais, e estes pertencem aos bolivianos. Trata-se de uma provocação e o povo não vai ceder; não vamos entregar as nossas riquezas às empresas estrangeiras», afirmou Morales, referindo-se ao facto de, na base da mobilização violenta dos cooperativistas mineiros, estar o desejo de alteração da Lei da Mineração, de forma a poderem celebrar contratos com transnacionais - algo que viola a Constituição boliviana.
«Contra aqueles que defendem a privatização, esperamos que os autores materiais e intelectuais do assassinato do vice-ministro do Interior respondam perante a Justiça», salientou.