Dias antes de sua morte ele foi detido pelos militares, junto com outros alunos e professores e conduzido ao Estádio Chile, convertido em campo de concentração e um dos maiores centros de detenção e tortura.
Lá foi mantido durante vários dias após o fatídico 11 de setembro. O regime fascista torturou o cantor e compositor revolucionário, disparou duas vezes em sua cabeça e braços. Jara tinha os dedos das mãos esmagados por seu “crime” de cantar a revolução, ele foi alvejado 44 vezes como expressão do ódio dos militares pelo homem que fez ode ao Socialismo e a luta dos explorados. Vitor chegou a fazer canções em pleno cárcere, como a música “Estadio Chile” que reproduzimos em vídeo abaixo.
A imprensa burguesa vem dando grande destaque ao fato do ex-militar Pedro Pablo Barrientos ter sido considerado em meados de 2016 como culpado da morte do músico, citando uma decisão da Corte federal da cidade de Orlando que determinou que o ex-tenente pague uma indenização de 28 milhões de dólares (95 milhões de reais) à família.
A “condenação” do militar chileno nos EUA não passa de puro distracionismo histórico, uma verdadeira piada de mau gosto na medida em que o imperialismo ianque, a CIA e a Casa Branca planejaram e patrocinaram o golpe militar junto com os generais fascistas tendo Pinochet a frente das operações. Esses são os verdadeiros culpados pelo assassinato de Vitor Jara e dos milhares de militantes chilenos assassinados pela ditadura sanguinária. Nossas diferenças políticas com Vitor (militante do PC) que muitas vezes compôs canções em defesa da “Paz Mundial” e da política stalinista que apregoava o “Socialismo em um só país”, como “O direito de viver em Paz” em referência ao Vietnã, não nos impedem de homenageá-lo com o mais genuíno respeito comunista, ao contrário, ele provou com sua própria morte a dedicação máxima a causa da revolução proletária, mais além da política de colaboração de classes da UP e do governo Allende.
A verdadeira punição aos torturadores e seus “patronos” capitalistas não poderá ser efetivada por nenhum governo “democrático” no marco de um Estado capitalista seja no Chile ou nos EUA, pelo simples fato de que a burguesia jamais se “autopunirá” de seus monstruosos crimes históricos. Somente a revolução socialista será capaz de “vingar” nossos heróis e combatentes mortos e torturados por um regime militar posto a serviço das grandes multinacionais imperialistas, como foi o genial cantor e compositor Vitor Jara.
A única forma de vingar plenamente a morte de Jara e dos milhares de militantes que tombaram na luta contra a ditadura militar no Chile e em todo a America Latina é enterrar definitivamente da história da humanidade todo e qualquer regime que venha “cultuar” a exploração da classe operária por um punhado de parasitas, protegidos pelas armas de seu Estado capitalista. O acerto de contas que o proletariado necessita realizar com os facínoras da ditadura militar, deverá inevitavelmente vir na esteira do implacável combate ao regime capitalista e sua forma mais aperfeiçoada de "estabilidade democrática", a democracia dos ricos.
Para a classe operária o verdadeiro julgamento de seus covardes algozes só acontecerá quando for capaz de construir seus próprios organismos de poder, estabelecendo tribunais operários e populares de julgamento e punição, como instrumentos da histórica justiça de classe do proletariado.