E se tivesse escapado da emboscada no dia anterior, se escondido na floresta e tomado um voo de volta para Havana?
O Che poderia estar, ainda hoje, com seus 88 anos, construindo a Revolução ao lado de Fidel, Raúl e o povo cubano.
Mas o destino quis que o médico cabeludo nascido em Rosario percorresse os Andes, as Antilhas, a selva africana e voltasse à América do Sul para morrer como mártir.
O Che esteve presente onde quer que um povo estivesse lutando por sua liberdade. O Che esteve presente onde quer que uma criança chorasse, onde um camponês fosse massacrado, onde um mineiro fosse explorado, onde uma mãe fosse estuprada.
O Che estava lá, presente, com as veias palpitando, indignado com as injustiças cometidas em cada rincão do planeta.
O Che estava presente, cuidando dos enfermos, trocando tiros com exércitos de tiranos, escrevendo poemas, carregando sacos de cimento.
Mas o que estaria o Che fazendo hoje?
Bem, o Che está cuidando das vítimas do furacão no Haiti. Está com um fuzil combatendo nas florestas da Índia, no leste da Ucrânia, na Faixa de Gaza, nas forças anti-imperialistas na Síria.
O Che está denunciando as injustiças do mundo em sites e blogs alternativos. Está construindo moradias na Venezuela, fazendo greves na França, distribuindo alimentos na África, dando aulas nas escolas ocupadas por estudantes no Brasil.
O Che ainda está vivo, em todos os que se preocupam com o futuro da raça humana, em todos os que lutamos pelo fim da exploração, pela igualdade, pela solidariedade, pela autodeterminação dos povos.
Em todos os que lutamos por uma educação para todos os nossos jovens, por um sistema de saúde que atenda a todos, pela distribuição de terra para os que nela trabalham, pelo teto para os que foram despejados. O Che está lá.
O Che sempre acreditou na humanidade, sempre foi um otimista e sempre lutou para que o amanhã a nós pertença.
Por isso o Che ainda está aqui, ao nosso lado, dentro de nós, em toda a parte, com sua querida presença.
O Che é uma das mais ternas flores que já desabrocharam nesta Terra. E nós somos a primavera.