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Diário Liberdade
Sábado, 10 Junho 2017 19:01 Última modificação em Quinta, 15 Junho 2017 15:52

[Galeria] Escárnio e Maldizer: dignidade coletiva frente à violência policial

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País: Galiza / Reportagens / Fonte: Diário Liberdade / Novas da Galiza

A polícia espanhola converteu Compostela num verdadeiro couto de caça, perseguindo manifestantes por toda a cidade e perpetrando numerosas agressons. Para além dum sucesso numérico, a manifestaçom em apoio ao Escárnio e Maldizer conseguiu apoio e simpatia da vizinhança e deu umha demonstraçom de dignidade.

Galeria fotográfica

Todas as fotos som de Borxa Toxa, Diário Liberdade e Novas da Galiza. Se nom consegues ver a galeria abaixo, fai click aqui.

As ameaças e a violência nom conseguirom parar a contestaçom popular

Para sábado 10 de junho, polas 21.00 h., estava convocada umha manifestaçom em apoio ao Centro Social compostelano Escárnio e Maldizer, que apesar de ser ameaçada repetidamente e da forte presença policial tivo sucesso em percorrer as ruas da capital, até ser alvo da brutalidade da polícia espanhola.

Fôrom centenares as pessoas que aderirom o chamado. A manifestaçom fora repetidamente ameaçada polas instituiçons políticas e mediáticas espanholas, mas mesmo assim o grande número de assistentes obrigou a polícia a ceder, nom podendo barrá-las na Alameda, como era a sua intençom. Após percorrer algumhas das ruas do Ensanche, os e as manifestantes tomárom simbolicamente o antigo edifício do Peleteiro, mais um cadáver sem uso na cidade, ao berro de "Um despejo, outra ocupaçom", até serem expulsas e, algumhas, detidas pola polícia espanhola, que nom duvidou em atirar botes de fome e espancar selvagemente as cerca de 70 pessoas que partipavam no encerro.

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Nesse momento, as cargas policiais já deixaram um número indeterminado de pessoas feridas e se tornaram perseguiçom por toda a cidade. A situaçom, que se originou unilateralmente pola polícia, sem que se tivessem registado provocaçons das e dos manifestantes continuou até a meia noite, com as ruas do Ensanche (Antigo Peleteiro, Alfredo Branhas, Sam Pedro de Mezonzo e Praça Roxa principalmente) como cenário. A polícia espanhola conseguiu espalhar os manifestantes com a primeira carga, e após consegui-lo nom duvidou em repetir inúmeras vezes em diferentes pontos da cidade, convertindo a jornada literalmente numha caçaria de manifestantes, usando cacetes, botes de fume e bolas de borracha.

A situaçom prolongou-se até aproximadamente a meia noite, momento em que os fardados levárom para a esquadra as pessoas detidas (2) e retidas para identificar (cerca de 20). Imediatamente, a manifestaçom deslocou-se para esse ponto e, da Alameda, deu apoio os e as detidas. Houvo numerosas pessoas feridas pola violência policial. Os e as solidárias permanecêrom até bem de madrugada, recebendo as pessoas detidas e identificadas com aplausos, à vez que apupando a numerosa polícia (incluindo a 'secreta') ativada para reprimir a contestaçom popular. O delegado do governo espanhol na Comunidade Autónoma Galega (CAG) chegou por volta da meia noite a esse local, para dar apoio às forças repressivas por ele comandadas, que também durante a madrugada ameaçárom verbalmente a concentraçom pacífica. As duas pessoas detidas sairom da esquadra policial por volta das 3:30 h da madrugada, após as gestons dos e das suas advogadas.

Dignidade coletiva

Para além da resistência dos manifestantes, foi de destacar a adesom à causa antirrepressiva de vizinhas e vizinhos que nom participavam na convocatória. Durante a desmedida atuaçom policial, podiam-se ouvir berros de "fascistas" provenientes das janelas dos edifícios da zona. Outras vizinhas e vizinhos ofereciam refúgio nos seus lares às pessoas perseguidas. Umha amostra evidente do fracasso da estratégia de intoxicaçom de meios como El Correo Gallego ou La Voz de Galicia, que através vários 'artigos' (mais humorísicos do que jornalísticos) caricaturizárom o Escárnio e Maldizer como um coletivo de violentas/os extremistas ou, mesmo, de alegada ditadura vegana.

A polícia, com vontade de guerra

Já nas horas prévias à manifestaçom, verificou-se umha desproporcionada e ameaçadora presença policial. Fôrom detetados controlos arbitrários e identificaçons nos acessos a Compostela e em diferentes bairros da capital, como o do Sar ou o casco histórico, em muitos casos da mao de grupos à paisana. Nalguns casos, chegárom mesmo a ficar com o material solidário com o Escárnio e Maldizer que algumhas pessoas levavam, e segundo soubo este Diário e o Novas da Galiza negárom-se a identificar-se, como seria a sua obriga. Os agentes de distúrbios espanhóis aportárom na Alameda, ponto de início da convocatória, por volta das 19.00, com sete carrinhas estacionadas a ambos os lados e bloqueando o acesso ao centro pola Porta Faxeira. Nom eram, contodo, as últimas carrinhas que se passeavam pola cidade.

O CSOA Escárnio e Maldizer foi violentamente despejado pola polícia espanhola no dia 29

Dando cobertura aos próprietários de um imóvel sem qualquer uso no centro histórico de Compostela, as forças repressivas espanholas voltárom a mostrar o seu comportamento violento contra o povo. A seguir ao despejo, umha empresa construtora procedeu a tampar as janelas de um edifício - de forma ilegal, ao tratar-se de um imóvel protegido, e sendo aliás sancionada pola Cámara Municipal compostelana. Nestes momentos, o que foi o local do Escárnio e Maldizer é mais um cadáver urbanístico, tal como aconteu no seu dia com a sala Iago.

Apesar da dura repressom policial, incluindo disparo de bolas de borracha, detençons e toda classe de agressons, as e os solidários sairám novamente às ruas da capital galega no sábado dia 10 de junho, numha convocatória às 21.00 com saída da Alameda. Durante todos estes dias desde o despejo até hoje, o apoio popular recebido polo Escárnio e Maldizer foi grande, com destaque para a solidariedade de dúzias de centros sociais galegos e doutros países que se posicionárom publicamente em defesa do colectivo.

Esta já foi ameaçada repetidamente pola Delegaçom do Governo espanhol e por outras organizaçons da burguesia, que através dos seus meios de propaganda (La Voz de Galicia e El Correo Gallego, principalmente) prometêrom evitar pola força que os e as manifestantes visibilizem o conflito no centro da cidade. Nos dias prévios foi sensível o aumento do aparelho policial na capital galega, com controlos armados nos acessos rodoviários e a encenaçom costumeira quando as forças repressivas querem apoiar no medo a sua violência para calar os movimentos contestatários.

Acompanhamento informativo ao vivo graças à colaboraçom dos meios populares galegos

Fruto da colaboraçom entre Diário Liberdade e o Novas da Galiza, foi possível acompanhar o que aconteceu nas ruas de compostela minuto a minuto. Estes dous meios trabalhárom conjuntamente para romper o bloqueio informativo e contribuir ao combate à desinformaçom dos meios comprados polo capital.

Novas da Galiza e Diário Liberdade, junto com outros meios populares como o Galiza Contrainfo assinárom esta primeira experiência de trabalho conjunto no acompanhamento ao vivo de um evento com grande sucesso. Assim, o site do Diário Liberdade, nutrido com o material da equipa do Novas da Galiza e do próprio DL, foi durante a noite de sábado o site informativo de referência da manifestaçom, por diante de qualquer meio comercial, inclusive o vozeiro da burguesia compostelana, El Correo Gallego.

Terminado o acompanhamento ao vivo, poderedes continuar informando-vos e encontraredes propostas de análise sobre todo o referente a este assunto nos próximos dias no Diário Liberdade e, também, na ediçom impressa do Novas da Galiza.

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