[Rafael Silva] A linha de ônibus carioca 474-Jacaré, que liga a comunidade, ou em linguagem politicamente incorreta, a “favela” do Jacarezinho, a mais violenta da cidade, na pobre Zona Norte, ao coração rico da Zona Sul, o parque Jardim de Alah que divide os aburguesados bairros do Leblon e Ipanema, é o símbolo ambulante da “Cidade Partida” que não se cansa de se esconder atrás da máscara de “Cidade Maravilhosa”. Para o bem e para o mal, o “Rio 40°, cidade maravilha purgatório da beleza e do caos”, como canta Fernanda Abreu desde 1990, não tem como se alienar de si mesmo com o 474 recosturando diariamente as suas tão desiguais faces. Não sabemos quando a tensão entre as enormes riqueza e pobreza cariocas chegarão ao seu limite explosivo, mas pelo menos podemos ter certeza de uma coisa: essa bomba-relógio-social virá de ônibus; e qual, também não é mistério.
Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.
Contacto: diarioliberdade [arroba] gmail.com | Telf: (+34) 717714759