Bastaram 5 dias para confirmar o que já se sabia sobre a natureza anti-povo e anti-nação do golpe de Estado mal-disfarçado no impeachment fraudulento da Presidente Dilma.
As políticas do governo usurpador presidido pelo golpista Michel Temer fazem o Brasil retroceder 50 anos em 5 dias; fazem o Brasil retroceder àquela época do Estado oligárquico montado para atender aos interesses de uma minoria parasitária e patrimonialista às custas da exclusão da maioria da população. A ver:
1. extinguiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário, responsável por políticas públicas específicas [crédito, assistência técnica, inovação, comercialização, direitos civis] para mais de 5 milhões de famílias [ou 20 milhões de pessoas] da agricultura familiar e reforma agrária que produzem cerca de 70% dos alimentos consumidos pela população, além de itens agrícolas de exportação;
2. extinguiu o Ministério das Mulheres, Igualdade Social e Direitos Humanos, órgão vocacionado para o desenvolvimento de políticas afirmativas da identidade histórica e social de milhões de brasileiras e brasileiros que ficaram invisibilizados e silenciados ao longo de séculos de opressão e dominação capitalista;
3. extinguiu o Ministério da Cultura, responsável pela condução de políticas tradutoras da diversidade e da pluralidade cultural que singulariza o Brasil no mundo;
4. nomeou para os postos do primeiro escalão homens brancos, ricos, todos senhores representantes exclusivos da burguesia agrária, comercial, industrial, imobiliária e financeira e, além disso, implicados em corrupção – 16 dos 24 ministros são investigados na Lava Jato e em outros crimes: é um governo 75% Lava-Jato;
5. quer acabar com os percentuais mínimos de aplicação na saúde e na educação, e com isso vai desviar mais de R$ 200 bilhões anuais dos recursos destas áreas essenciais para transferir ao capital financeiro internacional na forma de juros e dívida indecentes;
6. anunciou o desfinanciamento e o sucateamento do SUS, que passará a ser um sistema restrito e focado e não mais universal, deixando a imensa maioria da população indefesa diante da privatização que pretende promover da saúde;
7. pretende eliminar quase 4 milhões de beneficiários do Bolsa-Família e reduzir todos os projetos e importantes políticas sociais em andamento;
8. anunciou uma reforma trabalhista e previdenciária que seqüestra direitos conquistados historicamente pela classe trabalhadora;
9. anuncia a liberação dos jogos de azar – bingo, jogo do bicho, cassinos – que é causa de destruição de pessoas e famílias viciadas e porto seguro para a lavagem de dinheiro e que, além disso, não aumenta a arrecadação tributária;
10. pretende rever demarcações de terras da reforma agrária e populações indígenas para preservar a concentração e especulação fundiária dos latifúndios;
11. promete entregar o pré-sal e a Petrobrás para petroleiras estrangeiras, e pretende desmantelar toda a cadeia nacional de gás e petróleo;
12. se compromete a realizar um processo selvagem de privatizações: como disse o conspirador golpista Michel Temer, quer “privatizar tudo o que é privatizável”;
13. ataca os países vizinhos e da região que condenam o golpe de Estado, abandonará os BRICS e fechará embaixadas estratégicas para fazer o país regredir à lógica colonizada do alinhamento subordinado às potências estrangeiras, em especial aos Estados Unidos;
14. ameaça adotar o método do PSDB de nomear para a chefia da Procuradoria da República os procuradores servis que engavetam processos e escondem a patifaria e roubalheira que praticam no governo;
15. promove a partidarização e loteamento radical do Estado: usam até o cargo do garçom que serve cafezinho no Palácio do Planalto para nomear apaniguados do governo usurpador – é a restauração das capitanias hereditárias.
O inventário das medidas regressivas adotadas pelo governo usurpador é longo, vai além dos exemplos citados acima. Os golpistas demonstraram ter muita pressa em executar o plano. A cerimônia de auto-posse da turba golpista que assaltou o Palácio do Planalto no dia 12 de maio não deixa dúvidas disso.
Os conspiradores se refestelavam naquela festa deplorável, sem a presença de uma única mulher e de nenhum negro, que abastardou a República. Depois do 17 de abril, dia da “assembléia geral de bandidos comandado pelo bandido Eduardo Cunha”, como caracteriza a imprensa internacional, o 12 de maio foi o segundo ato emblemático da história asquerosa do golpe: lá estavam os homens brancos, ricos, canalhas golpistas e corruptos se auto-oficiando para pilharem o Brasil depois de promoverem a farsa grotesca da derrubada de uma Presidente inocente através de um impeachment sem crime de responsabilidade.
Para conseguir impor seu projeto anti-povo e anti-nação, o governo usurpador precisará suplantar a resistência crescente na sociedade brasileira e mundial. Não será nada fácil, porque o conspirador Michel Temer carece de legitimidade popular para governar o Brasil.