De maneira mal disfarçada o que se estabelece é na verdade a supressão do direito à aposentadoria. O próprio governo golpista nem tenta esconder que se trata de uma medida contra os trabalhadores. Seu argumento central é que a previdência pública está quebrada. Sustenta, assim, que dentro de algum tempo estará totalmente falida e ninguém receberá nada.
A imprensa tradicional no seu papel de porta-voz dos interesses que dominam o governo golpista apregoa aos sete ventos este argumento. E assim temos lido e ouvido à exaustão que a previdência está com os cofres vazios e que se as medidas propostas não forem aprovadas o país vai cair.
Um dos mais importantes pilares de sustentação de governos impopulares é a propaganda. Embora atue ininterruptamente, quando esses governos querem editar medidas prejudiciais de grande impacto sobre a população, ela é intensificada, para se criar uma verdade. A inviabilidade financeira da previdência é uma dessas verdades criadas, ou uma mentira. É repetida há décadas ao sabor dos interesses da classe dominante.
A previdência é superavitária. Há muito tempo são apresentados estudos elaborados por especialistas independentes que comprovam a inexistência do tão apregoado rombo das contas previdenciárias. Na verdade foi apurado que há sobras. Esses estudos não tem a divulgação que merecem e são ignorados pela imprensa corporativa.
A Auditora Fiscal aposentada Maria Lucia Fatorelli vem desenvolvendo um trabalho didático sobre finanças públicas que merece atenção de quem desejar saber como é administrado o dinheiro do trabalhador.
A reforma previdenciária posta na mesa pelo governo vem atender entre outros interesses burgueses, o interesse dos mercados financeiros principalmente. Na verdade a chamada reforma não vem para salvar a previdência mas sim irá esvaziá-la, será tornada irrelevante até o seu desaparecimento total. Toda a massa de dinheiro que atualmente entra na previdência pública, e que entrou, será carreada para a previdência privada (bancos) e irá circular nos mercados financeiros mundiais contribuindo para a liquidez que eles estão correndo atrás desesperadamente.
Ainda que fosse aceita a tese falaciosa do rombo, outras considerações devem ser trazidas à discussão. A prevalecer o projeto golpista ocorrerá o esvaziamento da previdência. É lógica primária que não se recupera uma entidade através da retirada de seus recursos. O remanejo do orçamento não é nenhum bicho de sete cabeças e poderia suprir uma suposta carência de recursos. Uma pequena parte da fatia leonina do orçamento destinada ao pagamento da dívida pública seria suficiente. A gestão das finanças da previdência é feita pelo governo sem participação dos trabalhadores. Estes portanto não são responsáveis por qualquer possível má gestão. Assim não seria sobre eles que caberia recair o ônus da recuperação.
É importante que a classe trabalhadora não se intimide com argumentos “ad terrorem” lançados pelo governo com a finalidade de que renuncie às suas conquistas. O objetivo da imprensa burguesa é puramente encaminhar seus interesses de classe.
Que a previdência esteja quebrada é uma mentira. A falsa reforma visa satisfazer tão somente interesses corporativos, dos grandes bancos. Nada de positivo para a classe trabalhadora resultará desta reforma. Questões orçamentárias não são legítimas para justificar o rebaixamento do já precário nível de vida da classe trabalhadora. A economia e as finanças devem ser controladas pela população e não o contrário.