O arco de forças políticas dominantes no Brasil atual pode ser definido dessa forma: Bandidos, Chantagistas e Canalhas. Comecemos pelos bandidos, até porque são por demais conhecidos, muitos, inclusive, apanhados “com a boca na botija” nos recentes escândalos de corrupção, que, diga-se de passagem, só vieram à tona por causa da intestina disputa pelo poder entre as facções políticas burguesas. Os bandidos são, digamos assim, os operadores do sistema, políticos de aluguel, altos funcionários comissionados dos poderes legislativo, judiciário e executivo, em todas as esferas, municipal, estadual e federal. Sua função fundamental é dar uma fachada de democracia para a ditadura do grande empresariado. Com o passar de tempo no poder, costumam ficar mais gananciosos e tentando de todas as formas se aproximarem do patamar de acumulo financeiro dos seus mentores, os chantagistas, dos quais falaremos mais adiante. Para isso, os operadores não medem esforços e, até mesmo, correm riscos, como em tempos de crise e de lava-jato, serem descobertos, processados e, até mesmo, presos.
O segundo grupo, trata-se, na verdade, do principal nessa história, em última instância é quem “dá as cartas”, articula e manipula os outros dois. Mas, sabe jogar nas sombras, aparece bem menos do que os seus operadores, dos quais procuram se dissociar quando estes são pegos em flagrante delito. Esse grupo é composto pelos bancos e as megaempresas, seu porta-voz é o oligopólio midiático (Globo e congêneres), que apresentam sempre os interesses desse tal “mercado” como se fossem os interesses da sociedade de conjunto. A denominação de chantagistas vem justamente disso, seus projetos são colocados pela mídia como necessários e a única alternativa viável para a sobrevivência de todos. Exemplo maior disso são as propostas de reformas previdenciária e trabalhista. Apresentadas como solução para a crise fiscal e a recessão econômica, quando na verdade, não são, nem uma coisa, nem outra. A primeira visa desmontar a previdência social, transformada em previdência mínima, empurrando os contribuintes para a previdência privada, quer dizer, para os banqueiros. Já a reforma trabalhista vem para retirar direitos e garantias, reduzindo o valor da mão de obra, na tentativa de recuperar a lucratividade empresarial afetada pela recessão.
Falemos agora do último grupo, os canalhas, esse é o último em tudo, principalmente em estatura moral. Dele fazem parte essa malta de propagandistas vulgares do capitalismo e da ditadura empresarial, por eles chamada de “democracia”. Estão diuturnamente nas redes de TV, jornais, revistas, sites e etc., repetindo a ladainha dos chantagistas, como se fosse uma verdade divina. São bem pagos pelos seus mentores, muito bem pagos, se considerarmos a média dos salários dos trabalhadores. Por esses “trinta dinheiros” fazem qualquer negócio. Até mesmo criticam os integrantes do primeiro grupo, os operadores, se eles não cumprem ao pé da letra as determinações dos chantagistas. Quando os operadores caem em desgraça, flagrados na roubalheira, os canalhas que antes lambiam seus pés, passam a execrá-los. Além disso, não tem qualquer escrúpulo em distorcer os fatos, manipular ou omitir informações, com o objetivo de passar os interesses particulares dos chantagistas como se fossem o interesse público.
O domínio desse bloco de poder é, sem dúvida, muito forte, mas, ao mesmo tempo frágil, por mais contraditório que isso possa parecer. Eles têm todo o poderio econômico e ideológico nas mãos, mas sua permanência no poder depende do consentimento da imensa maioria dos brasileiros que vivem do seu trabalho, que não exploram ninguém, que não saqueiam o patrimônio público. Parece que esse consentimento está ficando cada vez mais difícil. Que assim seja!