Às vésperas de completar três anos de existência, o Assentamento Zé Maria do Tomé está sob nova ameaça. Após muita luta e resistência de centenas de famílias com o pronto apoio de um conjunto de organizações sociais e da Diocese de Limoeiro, para ter acesso a direitos fundamentais como, terra e água para produzir, que lhes foram negados historicamente, sobretudo, após a implantação do Megaprojeto Jaguaribe-Apodí, que tirou dos pequenos para atender aos interesses do grande Capital, aqui representado pelas empresas nacionais e multinacionais do Agronegócio, esses trabalhadores depararm-se, nesse momento, com mais um enorme desafio a ser enfrentado: uma ação de reintegração de posse deferida pelo então Juiz Federal da 15ª Vara, subseção de Limoeiro do Norte, que exige a desocupação da área no prazo de 30 dias, a partir do dia 06 de abril, sob pena de multa diária de mil reais, além do cumprimento forçado da desocupação, se for o caso.
Importante destacar que as famílias assentadas sobre essa área, transformaram alguns hectares antes destinados exclusivamente aos desmandos da monocultura para exportação _ que envenena as pessoas e o meio ambiente _ em um território de possibilidades, um espaço de vida com qualidade, que se constrói coletivamente a cada dia.
Compreendemos, pois, que tal ação judicial não se constitui em uma mera ameaça à vida dessas famílias, mas, em uma atitude arbitrária que ignora e desrespeita uma experiência valiosa que trás em seu bojo uma nova perspectiva de uso da terra.
Assim, nós, que construímos o M21, movimento composto por várias organizações sociais e movimentos populares que acompanhamos todo esse processo de luta desde o início, queremos nos solidarizar com todos os homens e mulheres, os trabalhadores e trabalhadoras do Assentamento Zé Maria do Tomé, reafirmando a importância social e política deste enquanto foco de resistência na luta desigual contra a força do Capital na Região do Vale do Jaguaribe.