A Reforma Trabalhista tem como objetivo acabar com todos os direitos concedidos por meio da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) e aplicar o modelo norte-americano, que liquidou com os acordos coletivos por categoria profissional, com as datas-base, com o 13° salário e, em grande medida, até com as férias remuneradas.
Esses ataques representam uma política do grande capital em escala mundial. Na França, a classe operária está resistindo, enfrentando a polícia e dizendo “NÃO” à Reforma Trabalhista imposta pelo governo “socialista” de François Hollande. Os portos, aeroportos, grandes indústrias, trens e transporte público, refinarias e centrais nucleares, entre outros, foram atingidos em cheio às vésperas da final da EuroCopa, que acontecerá no dia 10 de junho.
No Brasil, devido à pressão das bases, os 36 sindicatos ecetistas (trabalhadores dos Correios) estão promovendo uma reunião, em formato de plenária, nos dias 18 e 19 de junho, em Brasília, com objetivo de impulsionar um amplo movimento envolvendo o movimento sindical, o movimento social e a sociedade como um todo contra a privatização. É sabido que os lucros são gigantescos. Estudos feitos por alguns sindicatos mostraram que um carteiro paga seu salário com menos de um dia de trabalho. O imperialismo quer entregar esse setor da mesma maneira que fez nos Estados Unidos, na Inglaterra e em Portugal a grandes monopólios como a Fedex e a DHL. Lucro garantido.
No caso da Petrobras, o governo Temer se apressou a dar continuidade à política que vem sendo aplicada desde o último período do governo Dilma, em cima do acordo com o homem das petrolíferas, José Serra. O Wikileaks revelou um documento que revelou que, em 2009, José Serra prometeu à Chevron e aos demais monopólios petrolíferos a entrega da Petrobras caso fosse eleito presidente. O elemento que foi colocado à frente da Petrobras, Pedro Parente, é um conhecido figurão da “privataria tucana” dos governos de FHC.
NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA PETROBRAS E DOS CORREIOS
Estão sendo retomados os planos da proliferação das “unidades de negócio” para esquartejar a Petrobras e vende-la por pedaços. Isso já está acontecendo na Transpetro, que está sendo dividida em duas. Nos Correios, está sendo liquidado o plano de saúde. O ticket alimentação que chega a representar até 60% dos ingressos dos trabalhadores está na mira. O Postalis, fundo de pensão, de onde aconteceram desvios descarados do dinheiro dos trabalhadores, deverá ser entregue à especulação financeira, assim como todos os demais fundos de pensão de todas as empresas estatais.
Para enfrentar esses ataques, é preciso impulsionar um forte movimento dos trabalhadores contra as privatizações, contra os ataques do grande capital sobre os direitos dos trabalhadores, a partir das reivindicações mais sentidas e da luta contra a entrega da Petrobras e dos Correios. No segundo semestre deste ano, acontecerão as datas-base dessas categorias. Uma grande mobilização poderá despertar fortes tendências revolucionárias no Brasil que poderão se estender aos demais setores da classe operária.
É preciso aumentar a pressão sobre a burocracia sindical que, ao invés de impulsionar o processo de luta, se coloca a reboque dos conchavos da cúpula do PT que busca voltar ao governo mediante acordos com a direita para, imediatamente, chamar a novas eleições. Um novo regime semi-parlamentarista terá como objetivo criar um governo de “grande coalizão” (seguindo o modelo alemão) com o objetivo de manter os privilégios da cúpula do PT na contenção das massas perante a escalada dos ataques do imperialismo.
NÃO AO “ACORDÃO” COM A DIREITA
A “frente popular”, encabeçada pela cúpula do PT, fez uma enorme propaganda em relação ao golpe de Estado parlamentar que alguns setores chegaram a identificar como um golpe de força, que deixava o país à beira de um golpe militar. O impeachment aconteceu e a “frente popular” ficou paralisada, não moveu uma única palha para enfrentar o golpe. A greve geral contra o golpe, que tinha sido propagandeada no último período pela burocracia, se mostrou puro charlatanismo. A CUT não mobilizou absolutamente nenhuma categoria contra o golpe, nem contra qualquer outra coisa. De greve por tempo indeterminado, como agora está começando a acontecer na França, não foi dita uma sequer palavra. O Calendário de Lutas, tem ficado reduzido a algumas palestras em sindicatos e universidades. As manifestações de rua, em grande medida, têm corrido por fora do controle da cúpula do PT que tenta canalizar o movimento para o campo eleitoral. Por exemplo, o próximo grande ato que foi convocado para o dia 10 de junho, coincide com o depoimento da presidenta Dilma. Para o mesmo dia, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) convocou uma greve por 24 horas. Nada tem sido dito pela burocracia sindical nas demais categorias que o PT dirige.
É evidente que depois do impeachment apareceu um clima de desmoralização quase que generalizado na esquerda brasileira. O motivo é que “nossa” esquerda é, em grande parte, na prática, petista e está a reboque da “frente popular”. O objetivo do PSOL é substituir o PT na gestão do estado burguês tupiniquim, seguindo o modelo do Syriza, da Grécia, ou do Podemos, da Espanha. O PSTU, que de maneira recorrente se posiciona no campo da direita, se encontra a reboque da “frente de esquerda”, encabeçada pelo PSOL. A CSP-Conlutas, dirigida principalmente pelo PSTU, aceitou a proposta de reajuste zero, inflação fatiada e desistiu da greve inicialmente convocada para quarta-feira, 01 de junho, no Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Ao melhor estilo da burocracia cutista, para pior. O mesmo tem feito toda uma miríade de pequenos grupos que se colocam a reboque da cúpula do PT diretamente ou, indiretamente, por meio da “frente de esquerda”.
A paralisia do movimento de massas contido pela “frente popular”, de conjunto, produz a impressão de que nos encontramos num beco sem saída. Os ataques da direita seriam inevitáveis. A classe operária, supostamente, não irá se mobilizar e o grosso das fichas tem que ser apostadas nos conchavos de Lula com a direita.
É preciso combater os golpistas de hoje e os mais truculentos que tendem a se levantar no próximo período. Mas para isso é preciso denunciar a “frente popular” e impulsionar um movimento de massas, a partir das principais categorias que se encontram no olho do furacão do imperialismo.
O futuro do Brasil é a França. A classe operária, inevitavelmente, irá se levantar no próximo período e passará por cima da burocracia sindical que, apesar da aparência de força, vive um período de muita fragilidade, devido ao forte atrelamento ao regime político burguês em frangalhos.
ABAIXO O GOVERNO GOLPISTA DE TEMER
NENHUM ACORDO COM OS GOLPISTAS
NÃO À PRIVATIZAÇÃO DAS EMPRESAS PÚBLICAS!
Por um salário mínimo que cubra as necessidades básicas dos trabalhadores!
Que os salários sejam reajustados conforme o aumento dos preços básicos!
Que os cálculos da inflação sejam revistos, em cima dos custos da cesta básica e das demais necessidades básicas dos trabalhadores!
Contra as demissões: divisão das horas de trabalho entre os trabalhadores e sem redução do salário!
Estatização de toda empresa que abra falência ou que demita trabalhadores em massa!
Por Comitês Operários e do Movimento Popular, nas fábricas, nos bairros populares, no campo e nos locais de estudo, contra o “ajuste” e o golpismo!
Por milícias operárias e populares de autodefesa contra a repressão!
Por um Congresso de delegados de base das centrais sindicais e de representantes dos Comitês Operários e Populares para discutir a greve geral e um programa de saída operária da crise!