A Associação destaca que “os países ricos” têm em vista “solapar as nossas riquezas, perspectivas de desenvolvimento e futuro das nossas crianças” e que também guardam o “interesse na venda do Sistema Eletrobras”. Ademais, considera que “o acesso à luz, energia e água dos nossos reservatórios é um direito público” e não uma “mercadoria”.
Entende ainda a AEEL que a Eletrobras consiste em um “único fornecedor”, detentor de “consumidor cativo” de energia elétrica e que o governo de Michel Temer (PMDB) pretende “dá-la de brinde para comercializadoras sedentas pela ‘intermediação fácil’ no atendimento aos conglomerados industriais”.
Acerca dos potenciais e diferentes riscos para o País, envolvidos no projeto de ampla privatização, segundo a AEEL, encontra-se a conversão da energia elétrica de um “insumo de produção” para um “produto final”. Fenômeno que implicaria em grave “distorção da lógica econômica, o que não ocorre em nenhum país sério”.
Roberto Bitencourt da Silva
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A nota completa da AEEL está disponibilizada abaixo.
Informe 138/17 da AEEL: A democratização do capital da Eletrobras como “Prosopopeia Flácida para Acalentar Bovinos”
Democratização do capital é uma forma de suavizar a palavra PRIVATIZAÇÃO, da mesma forma que “Prosopopeia Flácida para Acalentar Bovinos” suaviza o ditado popular “Conversa Mole para Boi Dormir”. Simples assim.
No fim da década de 90 o governo FHC tentou privatizar a Eletrobras. Conseguiu dividir geração e transmissão da Eletrosul e vendeu a preço de banana a Gerasul, geradora resultante dessa cisão. Privilegiou a iniciativa privada em um setor estratégico para o bem-estar dos brasileiros. E qual foi o resultado? Um dos mais vergonhosos episódios da República brasileira: o racionamento de energia ocorrido em 2001/02 e que ficou conhecido como apagão do FHC.
O tempo passou e as mesmas pessoas que causaram o apagão voltaram ao poder. Esquecidos que são, querem de novo apagar o Brasil, mas, como pega mal usar a palavra privatização, recorrem a sinônimos para tentar enganar as pessoas.
Uma delas, que não engana ninguém, é desestatizar. Ora desestatizar significa “excluir a gestão do Estado ou reduzir sua participação” em determinado setor. Isso significa entregar à iniciativa privada a gestão. É PRIVATIZAR !
Outra expressão mais sofisticada para enganar a sociedade foi inventada pelo presidente Pinto Junior, o colecionador de carros e estatais privatizadas, a alta cúpula do Ministério de Minas e Energia e da Fazenda: trata-se do termo “Democratização do Capital da Eletrobras em Bolsa”.
São bonitas palavras, admitimos. Mas o que elas realmente querem dizer? Vamos ao dicionário: Democratização é substantivo feminino que significa ação ou efeito de democratizar.
Segundo o dicionário Michaelis, democratizar é tornar adepto da democracia ou tornar popular ou acessível.
Considerando que a Eletrobras não é uma ditadura que precise aderir à democracia (apesar do país viver a pior crise moral e econômica da sua história), vamos escolher o segundo significado, o de tornar popular ou acessível.
Ora, segundo reportagem do site InfoMoney, de novembro de 2013 (acesse aqui), enquanto 0,3% da população brasileira estava na cadeia, apenas 0,29% participava da Bolsa de Valores. Até a cadeia é mais democrática que a bolsa no Brasil. Logo, ao se falar em democratizar as ações da Eletrobras na Bolsa, a pergunta é democratizar para quem?
Não é para o povo, o que justificaria o conceito de tornar popular, ao contrário, os interesses da população não serão levados em conta nas futuras decisões da empresa.
Este é um setor que afeta diretamente nossas vidas e não pode ser totalmente privado. O acesso à luz, energia e água dos nossos reservatórios é um direito público.
Temos um palpite sobre para quem eles querem “democratizar nossas ações”. Trata-se dos tradicionais rentistas que tornam este país cada dia mais desigual: fundos de investimento da burguesia brasileira, fundos internacionais, bancos nacionais, bancos estrangeiros, fundos soberanos, especuladores, conglomerados industriais, fundos de previdência nacionais e estrangeiros, empresas tradicionalmente financiadoras de campanha eleitoral.
Os países ricos que querem solapar as nossas riquezas, perspectivas de desenvolvimento e futuro das nossas crianças também têm interesse na venda do Sistema Eletrobras.
É triste ler em uma matéria que SEIS BILIONÁRIOS têm a mesma riqueza que 100 MILHÕES DE BRASILEIROS (veja aqui). Notícias como esta ajudam a entender a voracidade carnívora das elites de arrancar “nacos” do patrimônio controlado pela União a preço de banana. Foi assim nas vergonhosas privatizações dos anos 90 e tentam fazer novamente.
Indignação aos trabalhadores da Eletrobras também ficou nítida quando o Deputado Federal Leonardo Quintão, na sua excelente exposição do papel estratégico de Furnas e Eletrobras feita na Casa Legislativa, em audiência pública realizada dia 26/09, diz na cara do Ministro Fernando Filho que o material que o MME recentemente enviou para os deputados só tinha a relação dívida líquida/ebitda de 9, sendo que estamos com a relação atual próxima de 4.
A pergunta que fica: foi esquecimento, má fé (para não mostrar aos deputados e senadores a viabilidade da companhia) ou simplesmente para omitir o trabalho árduo dos empregados nos últimos anos para recuperar a empresa (afinal, para o presidente Pinto Junior, somos todos vagabundos)? Este não é papel condizente de um líder respeitado por todos e que almeja promover engajamento.
Mas nós temos uma proposta alternativa. Vamos democratizar de verdade o capital da Eletrobras? Vamos devolver à sociedade brasileira, que com seu sacrifício e suas economias, construiu o setor elétrico mais robusto do que diversos países da Europa? Vamos gerenciar a empresa em benefício da sociedade que a construiu e a quem ela deveria servir? Vamos valorizar investidores de longo prazo ao invés de especuladores?
ÁGUA E ENERGIA NÃO SÃO MERCADORIAS. Os empregados da Eletrobras servem ao país e ao povo e queremos servi-los sempre, preocupados não só com lucro, mas com a eficiência que garante a luz barata e contínua na casa das pessoas.
Numa crise hídrica da magnitude que enfrentamos pega mal tirar a energia dos consumidores brasileiros que possuem um único fornecedor (consumidor cativo) e dá-la de brinde para comercializadoras sedentas pela “intermediação fácil” no atendimento aos conglomerados industriais.
Lembre-se que na última crise hídrica, consumidores pararam o parque fabril, deram férias coletivas com o intuito de vender a energia e auferir lucros extraordinários. O que era insumo de produção virou produto final!!! Uma distorção da lógica econômica que não ocorreria em nenhum país sério.
Não adianta contratar assessoria de imprensa para a guerra de mídia em favor da privatização. Uniremos diversas vozes em defesa da Eletrobras. Para cada material que ela produzir, produziremos 10. Para cada real que ela receber, daremos mais do nosso suor para vencer esta batalha, incansáveis, Guerreiros e Guerreiras!
Estaremos em todos os cantos do país, com movimentos sociais, igrejas, populações ribeirinhas, mídia alternativa, frentes nacionalistas, militares, juristas, intelectuais, professores, políticos, governadores, prefeitos, amigos da CEDAE, Casa da Moeda, Petrobras, BR Distribuidora, Movimento dos Atingidos de Barragens – MAB, movimentos dos estudantes (UNE e Levante), sindicatos, juventude e muito mais...
Estamos na luta, vigilantes e unidos!!!
Dia 03/10: Grande ato em Defesa da Soberania Nacional, 11 horas no Herm Stoltz!
Juntos somos sempre mais fortes!
A Diretoria, em 29 de setembro de 2017.
Associação dos Empregados da Eletrobras – AEEL