1. Revoada das galinhas verdes
No dia 7 de Outubro de 1934, ocorreu em São Paulo um acontecimento chamado “Revoada das Galinhas verdes”, onde militantes comunistas organizados na Frente Única Antifascista, liderada por Fúlvio Abramo (Membro da organização trotskista, Liga Comunista Internacionalista), dirigiram-se à praça da Sé, onde ocorria “marcha dos cinco mil”, ato de apoio ao Integralismo (fascismo brasileiro). O ato integralista procurava imitar a marcha sobre Roma feita 12 anos antes, em 1922, pelos simpatizantes de Mussolini.
A colisão dos dois grupos originou um confronto armado entre eles, onde o fascismo foi derrotado com uma grandiosa vitória dos revolucionários antifascistas. Os integralistas, que portavam camisas verdes, saíam correndo por todos lados jogando fora suas vestes – do que resultou o nome do evento “revoada das galinhas verdes”. O acontecimento serviu para desestruturar o desenvolvimento do fascismo, que ficou desmoralizado, em todo país.
2. A luta do Partido das Panteras Negras contra a polícia
Nos anos 1960, em plena ascensão da luta por direitos do movimento negro, que já tinha causado distúrbios no governo norte-americano, com Martin Luther King Jr. e Malcolm X, surge na periferia da Califórnia o Partido das Panteras Negras, um partido político revolucionário organizado pelos negros para se defender dos ataques da polícia.
O partido armou belicamente as periferias californianas, conquistou e introduziu uma série de direitos para o povo negro norte-americano. Entre outras coisas, o partido fornecia aulas de formação política e fazia um conjunto de programas beneficentes nas periferias dos Estados Unidos, o que promovia a conscientização geral dos negros nas comunidades.
Além de defender os ataques da polícia, que constantemente assassinava aos montes o povo negro, o partido serviu para acabar com o poder da polícia nas regiões, até seu desmonte – orquestrado por sabotagem da CIA e do FBI, que além de ter espiões, financiaram o tráfico de heroína na periferia, o que desestimulou os militantes.
3.Grupos antifascistas contra a manifestação do La Meute, no Quebec
Em agosto desse ano, estimulados pelos grupos racistas dos Estados-Unidos, seus vizinhos de baixo, um grupo canadense da província francesa do país, o La Meute, organizou uma manifestação contra os “imigrantes”.
Centenas de militantes anti-racistas se juntaram e foram combater os manifestantes, e foram reprimidos pela polícia – ao que respondeu o líder da organização de extrema-direita: é a vitória da ordem frente à desordem. As pessoas irão entender que em um sociedade com direitos, não podemos fazer qualquer coisa. São sempre as pessoas do lado das forças da ordem que irão ganhar”.
Apesar da repressão policial, a manifestação da esquerda serviu para desmobilizar a direita, que teve que buscar apoio nos braços da polícia, como normalmente o fazem.
4.Batalha da Maria Antônia
O movimento estudantil brasileiro já foi reconhecido pelas suas mobilizações contra a direita. Em 1968, no auge da luta popular contra a ditadura, alguns tempos após a passeata dos 100 mil que ocorreu no Rio de Janeiro, ocorreu também um conflito entre os estudantes de esquerda da faculdade de Filosofia da USP e a juventude direitista da faculdade privada, Mackenzie.
O centro de Filosofia e Letras da universidade pública e o Mackenzie eram situadas na mesma rua, Maria Antônia, próximo ao centro de São Paulo, que deu nome ao confronto. Os estudantes da USP estavam organizando um pedágio, coletando dinheiro para o congresso da UNE, quando começaram a ser atacados pelos estudantes do Mackenzie, onde havia um núcleo forte de grupos fascistas, como o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e outras organizações reacionárias.
O confronto teve direitistas armados, que acabaram matando um estudante da esquerda com um tiro na cabeça, mas no geral a esquerda se mostrou vitoriosa, enfrentando abertamente a direita em plena ditadura militar.
5. Comitê de Luta contra o Golpe da UFPE
Recentemente, a direita promoveu na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), a exibição do filme sobre o “filósofo” de direita, Olavo de Carvalho. O filme “O Jardim das Aflições” foi lançado em pleno golpe de estado, com interesse claro de difundir os ideais direitistas.
Tomando conhecimento do evento, o Comitê de luta contra o golpe da universidade promoveu, na mesma hora, no mesmo dia e no mesmo local, organizou um cine-debate com a exibição do filme “Porque Lutamos – Resistência à Ditadura Militar”, filme que conta a trajetória do estudante da USP, Alexandre Vanucchi Leme que foi preso, torturado e morto pelos militares em 1973. O cine-debate também era um ato contra o fascismo nas universidades.
A participação ao evento da esquerda foi bem maior. A direita estava tão histérica com a manifestação da esquerda, que levaram capangas comprados, skinheads armados com armas brancas, para intimidar a concentração da esquerda que estava do lado de fora do prédio onde se realizou a exibição do filme sobre Olavo de Carvalho. O conflito acabou resultando em confrontos físicos, em que a direita saiu correndo. O ato da esquerda foi vitorioso e chutou a cabeça da direita logo no momento em que ela tentou se difundir em uma universidade.
O ato serviu de exemplo para o comitê de luta contra o golpe da Paraíba, que fará um evento ao mesmo tempo em que o documentário sobre Olavo será divulgado na Universidade Federal da Paraíba agora no mês de novembro.
A esquerda deve combater o fascismo
Assim como em outros momentos históricos, a esquerda de hoje precisa se mobilizar para enfrentar as ofensivas direitistas que estão acontecendo. Esses 5 exemplos foram apenas alguns para demonstrar o que deve ser feito cotidianamente.
A luta contra a direita é a questão fundamental de qualquer organização dos trabalhadores, e pode se manifestar em diversos sentidos. Assim, as revoluções socialistas contém uma grande seleção de ações práticas, que vão desde a luta armada à ocupação de uma fábrica, para derrotar o fascismo e o imperialismo.
Por isso a necessidade dos comitês de luta contra o golpe para derrotar os golpistas. A direita já está mobilizada com o MBL, censurando obras de artes e professores e invadindo eventos da esquerda, e grupos fascistas e policiais, que vêm promovendo ataques a sedes de partidos e sindicatos (até a escola do MST), além de estarem aumentando o número de massacres no campo e nas periferias. Como foi demonstrado em Pernambuco e o está sendo no resto do país, os comitês servem para reagrupar a esquerda e combater a direita em todos os âmbitos. Se você ainda não faz parte de algum, crie um ou integre-se a um já existente. Para consultar os comitês que já existem, consulte o site dos comitês (http://lutecontraogolpe.com.br).