De norte a sul do país, sindicatos dos mais variados sectores têm vindo a realizar plenários com a vista a decidir o modo de participação dos trabalhadores na greve geral contra a reforma da Previdência, marcada para o próximo dia 19 pela Frente Brasil Popular (FBP) e que conta com o apoio das grandes centrais sindicais do país sul-americano.
Ainda não é certo que a reforma, que foi apresentada como Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, seja votada na Câmara dos Deputados no dia 19 (dias 20 e 21 também são hipóteses), mas sindicatos e organizações sociais deixaram claro que, independentemente do dia da votação, na próxima segunda-feira é «dia de parar o Brasil».
Fevereiro é o prazo-limite imposto pelo governo de Michel Temer para a aprovação da reforma da Previdência, depois de mais de um ano de discussões e sucessivos adiamentos da sua votação. No entanto, o projecto, que «parecia ter apoio sólido», dificilmente alcançará os 308 votos necessários, «em ano eleitoral e depois de enfrentar duas denúncias» do Ministério Público Federal, refere o Brasil de Fato.
Ao Portal Vermelho, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, também apontou a questão do ano eleitoral: «Não votaram até agora porque não têm votos. Os deputados estão com medo de aprovar essa proposta nefasta e não serem reeleitos», disse.
Ameaça de destruição da segurança social
Numa nota acessível no portal da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a FBP lembra que o «governo golpista de Michel Temer e a sua base aliada ameaçam o povo brasileiro com o fim da aposentadoria [reforma]» desde o ano passado.
Afirmando que o povo e os trabalhadores brasileiros, organizados e mobilizados, podem derrotar a tentativa de imposição da medida, a FBP sublinha que, caso seja aprovada, esta implicará a destruição da segurança social e constituirá «um estímulo ao crescimento da previdência privada, deixando a sociedade refém dos bancos num pacto dos golpistas com o capital financeiro».
«Michel Temer mente dizendo que a reforma é necessária para acabar» com o défice no sistema de reformas e pensões, afirma a FBP, sublinhando que as alterações propostas irão aumentar o tempo de contribuição e a idade mínima de acesso à reforma (62 anos para as mulheres e 65 para os homens), e porão termo aos sistemas especiais de reforma dos professores, funcionários públicos, trabalhadores rurais, entre outros.
A FBP lembra ainda que, em determinadas regiões e periferias de grandes cidades do Brasil, «os moradores vão trabalhar até morrer», tendo em conta que a expectativa de vida aí não ultrapassa os 58 anos.
Para dia 19, já foram anunciadas greves, protestos, mobilizações, manifestações em estados como São Paulo, Pernambuco, Natal, Ceará, Bahia, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Santa Catarina, Rio Grande do Sul.