É preciso ter claro que o resultado de ontem não foi de nenhuma maneira fora do esperado. Seria isso caso o habeas corpus tivesse sido aceito e mesmo assim o problema do golpe e da prisão de Lula estaria muito longe de ser resolvido. Mas os ministros do STF apenas seguiram a tendência.
A chantagem dos militares um dia antes do julgamento mostrava que a direita golpista estava decidida a não aceitar o habeas corpus. A pressão dos militares não mudou o resultado da votação, apenas garantiu a política dos golpistas. A própria entrada por si só dos militares abertamente na jogada, juntos com a rede Globo, já mostrava que o julgamento não seria favorável a Lula.
A declaração no Twitter do general Eduardo Villas Bôas, lida no jornal Nacional, seguida pela declaração de pelos menos mais seis generais, ameaçando o STF foi na prática um golpe militar velado. Ficou claro que os militares já dão as cartas no regime político, como já havia ficado claro em outros episódios dentro do governo.
A experiência de ontem é mais uma que serve para desfazer qualquer ilusão e esperança nas instituições. Acreditar que as instituições burguesas irão resolver o problema já é de uma ingenuidade sem tamanha, acreditar nas instituições que são peça fundamental do golpe de Estado é um erro ainda mais grave. Da mesma maneira que foi um erro acreditar que os deputados e depois os senadores não aprovariam o impeachment de Dilma Rousseff, é um erro acreditar no STF ou qualquer manobra do Judiciário.
A direita golpista deu novamente o recado: Lula será preso e não vai demorar muito. É preciso desfazer qualquer ilusão democrática ou eleitoral e ir às ruas, impedir a prisão do ex-presidente e lutar contra o golpe.