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Sábado, 18 Junho 2016 01:53 Última modificação em Terça, 21 Junho 2016 22:43

O governo Temer em coma. E agora?

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País: Brasil / Batalha de ideias / Fonte: Gazeta Operária

[Alejandro Acosta] As recentes revelações feitas por Sérgio Machado, o ex-presidente da Transpetro, colocaram mais lenha na fogueira contra o PMDB e o governo golpista de Temer. Mais um ministro, o terceiro em apenas cinco semanas de governo, Henrique Alves, ministro do Turismo, caiu. Mas o prato forte das revelações se relacionam com o próprio Michel Temer, que já se encontrava impedido dos direitos políticos pelo prazo de oito anos.

 Temer teria se encontrado com Machado para receber R$ 1,5 milhão que teria como destino financiar a candidatura de Gabriel Chalita, o candidato à Prefeitura da cidade de São Paulo, pelo PMDB, em 2012. Temer nega a veracidade dessas revelações. Machado as reafirma. Resta ver se se trata de um strike para encurralar também a candidatura de Fernando Haddad para as eleições municipais deste ano. Chalita, que deixou o PMDB, se mudou para o PDT e atua como secretário da Educação de Haddad. É a carta preferida por este como vice na chapa para as eleições.

De todas maneiras, em primeiro lugar, Temer ficou encurralado e contra as cordas. Por meio da confirmação de cinco fatos, ele próprio poderia ficar numa situação muito precária: 1) se ele realmente encontrou Sérgio Machado na Base Aérea de Brasília, conforme este denunciou; 2) se houve, efetivamente, o repasse de R$ 1,5 milhão, pela construtora Queiroz Galvão para a Direção Nacional do PMDB; 3) se esse dinheiro chegou à campanha de Gabriel Chalita; 4) se a Queiroz Galvão confirmar a denúncia; e 5) a acareação entre Sérgio Machado e Michel Temer.

MAIS “CHUMBO GROSSO” PELA FRENTE

Os ataques promovidos pela extrema-direita, impulsionada pelo imperialismo norte-americano, na tentativa de recompor e direitizar o regime político brasileiro, ainda conta com munição de alto calibre na agulha.

Marcos Valério, o conhecido operador do chamado “valérioduto”, no mês de abril, deste ano, ofereceu à Lava-Jato revelar fatos sobre as conexões entre o “Mensalão” e a Lava-Jato. No dia 16 de junho, ele ofereceu realizar uma delação premiada sobre o “Mensalão mineiro”, o que colocaria na linha de fogo figurões do PSDB.

Ainda restam as delações premiadas das construtoras Odebrecht e OAS que deverão acontecer no mês de agosto. Construtoras que já fizeram delações premiadas poderão ser obrigadas a enfrentar novas acusações após o surgimento de novos fatos.

A “bala de prata” das delações é Eduardo Cunha. O PIG (Partido da Imprensa Golpista) apertou a campanha nesse sentido. O objetivo é, obviamente, desmantelar o chamado “Centrão”.

Um dos aspectos fundamentais da análise da conjuntura política passa por saber quais consequências o acirramento das contradições entre as várias alas da burguesia poderá gerar. O imperialismo precisa que o plano de “ajustes” seja aplicado a qualquer custo. A crise capitalista se aprofunda, de maneira acelerada em escala mundial. Os lucros dos monopólios têm caído. A situação da economia nas principais potências é periclitante e os chefões da política mundial se encontram paralisados e estupefatos.

A CRISE MUNDIAL APERTA O BRASIL

Nos Estados Unidos, a Reserva Federal fica no “vai e volta” na tentativa de aumentar as taxas de juros, enquanto as estatísticas oficiais revelam uma forte queda na geração de empregos e na produção industrial. No Japão, além da dívida mais alta do mundo, em relação à produção, representando 240% do PIB, o governo decidiu adiar o aumento dos impostos sobre o consumo, que está tentando aplicar há anos, e em aumentar o volume de recursos públicos destinados à compra de títulos privados que, no ano passado, superou os US$ 700 bilhões.

Na França, como é conhecido, o governo de François Hollande está em estado de coma e enfrenta a escalada das manifestações da classe operária. Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel vive o apagar de seu brilho, enquanto a extrema-direita, agrupada na AfD (Alternativa para Alemanha), continua crescendo perante as eleições que acontecerão no próximo ano. Na Inglaterra, a perspectiva do referendum sobre a saída da União Europeia, que acontecerá no dia 23 de junho, tem provocado um desespero na especulação financeira, que tem se acentuado com o aprofundamento da crise na China.

O regime político em todos os países principais do mundo se encontra fragilizado. Nos Estados Unidos, para as eleições presidenciais, que acontecerão neste ano, os dois candidatos principais representam candidaturas de crise. Donald Trump, que corre por fora do aparato do Partido Republicano, provocou a escalada do repúdio, inclusive dentro do próprio partido. Hillary Clinton, a democrata “queridinha” dos monopólios, enfrenta o escândalo do vazamento dos e-mails com informações confidenciais, que provavelmente foram parar nas mãos de governos estrangeiros, principalmente os sionistas israelenses.

Na América Latina, a crise escala no Brasil, na Argentina, na Venezuela, no Equador, na Bolívia, no Uruguai, no México. O imperialismo precisa endurecer o regime para impor seus planos. Manobra nesse sentido. Mas ainda deverá entrar em cena no próximo período um novo e determinante fator político, a classe operária que entrará em movimento em escala mundial em cima do inevitável e brutal novo colapso capitalista.

O COLAPSO DA CANDIDATURA “AÉCIO NEVES”

Os ataques da Lava-Jato estão atingindo setores importantes do PSDB, em primeiro lugar Aécio Neves. Ele é acusado de ter maquiado os dados do Banco Rural para a CPI dos Correios, em 2005, na tentativa de ocultar o “Mensalão mineiro” e os repasses de recursos de Furnas.

De acordo com as revelações de Sérgio Machado, Aécio Neves, em 1998, se valeu de recursos vindos de Furnas e de outras empresas privadas para se eleger Presidente da Câmara dos Deputados.

O símbolo da luta contra a corrupção do PT desmoronou como um castelo de cartas, devido à identificação dele próprio com a corrupção pela Operação Lava-Jato.

Na realidade, o sistema político como um todo é um sistema intrinsecamente corrupto. Os mecanismos fundamentais implantados na Nova República, por meio da Constituição de 1988, mantiveram em pé, no fundamental, as estruturas implantadas durante a ditadura militar. Elas tinham como objetivo comprar a adesão dos políticos burgueses ao regime por meio de amplas regalias. O ponto de vista ainda mais importante é que os setores capitalistas ligados ao imperialismo norte-americano se valem do poder econômico para controlar o regime político, tanto por meio de mecanismos ilegais como por meio de mecanismos legais.

Nos áudios vazados de Lula, o então ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, se mostrava paralisado sobre o caso do processo que corria na Receita Federal, que estava travado há anos em algum lugar e que o próprio ministro não fazia a menor ideia dos detalhes. A Rede Globo, conforme foi divulgado amplamente, é responsável pela sonegação de centenas de bilhões de reais em impostos.

Os monopólios petrolíferos, agrupados no IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo), compraram meio Congresso para implodir o novo marco regulatório do Pré-Sal. Durante o governo FHC, as empresas públicas foram “vendidas” por 10% do valor, na média, ainda usando como pagamento os títulos ultra-podres gerados pelo Plano Brady.

A corrupção legalizada está na base de que hoje mais de 44% dos recursos públicos sejam destinados ao pagamento dos serviços da dívida. E assim sucessivamente.

O Brasil representa um país atrasado que sofre, de maneira acelerada, à exploração do imperialismo, em primeiro lugar do imperialismo norte-americano.

O GOVERNO TEMER, UM GOVERNO MORTO

O enfraquecimento acelerado do governo golpista de Temer está impossibilitando o avanço na aplicação do plano de “ajustes”, promovido pela equipe chefiada por Henrique Meirelles. Até agora, a medida mais concreta tomada foi o aumento do Orçamento federal em R$ 170 bilhões, quase R$ 80 bilhões a mais do que a presidenta Dilma havia solicitado. As demais medidas ainda não saíram da prancheta e, no geral, enfrentam um “vai e vem”, entre idas e voltas.

Algumas medidas como, por exemplo, o estabelecimento do teto de gastos pode gerar o efeito contrário ao pretendido. Recentemente, o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento, Nelson Barbosa, declarou na comissão do impeachment que essa proposta reforça a tese da presidenta Dilma Rousseff, pois o limite fixado com base na execução financeira e não na dotação orçamentária reforçaria a tese de que os decretos de crédito do governo Dilma não afetaram a meta fiscal.

Um dos alvos do golpe parlamentar foi a privatização da Petrobras. Foi colocado à frente da privatização da empresa o figurão tucano do governo FHC, Pedro Parente. Parente declarou que ele chefiará a elaboração de um novo plano estratégico para a Petrobras que será divulgado em 120 dias.

A implementação dos planos de “ajustes” impostos pelo imperialismo tem se transformado na pedra central no sapato do regime político. Cada vez fica mais evidente que o regime político não conseguirá avançar sem novas eleições e sem uma nova Constituinte. Ao mesmo tempo, a implosão da Nova República deverá acelerar o desenvolvimento das tendências revolucionárias. E como a burguesia irá contê-las? Valendo-se do PT, como o tem feito nos últimos 30 anos? Ou por meio de um regime de força?

Os protestos da extrema-direita que saíram às ruas contra a presidenta Dilma, como, o “Vem Pra Rua”, o “Movimento Brasil Livre” (MBL), entre outros, sumiram do mapa. Agora estão promovendo um grande ato para o dia 31 de julho, mas não contra o PMDB, mas contra Dilma.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, ameaça aceitar um dos pedidos de impeachment de Rodrigo Janot, da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os abusos recorrentes da “força tarefa” de Curitiba, principalmente do juiz Sérgio Moro, estão criando um forte desgaste nos setores da extrema-direita “anti-corrupção”. A imprensa PIG (Partido da Imprensa Golpista) tem aumentado a campanha sobre a realização de uma reforma político-partidária baseada nos critérios da extrema-direita, que estão sendo impostos à sociedade a partir da Lava-Jato e dos próprios PIGs. As bandeiras da Reforma Política, das “Eleições Já” e da Constituinte levantadas por setores da esquerda evidentemente jogam água no moinho da extrema-direita ligada aos interesses do imperialismo.

QUAL A POLÍTICA DOS REVOLUCIONÁRIOS?

A efervescência social cresce a passos largos. O governo Temer ficou em uma espécie de “samba do criolo doido”. Ele avança e recua conforme as pressões, morrendo de medo de provocar uma explosão social.

O que temos até agora são os primeiros sintomas da entrada em movimento da classe operária. A burocracia sindical se encontra muito enfraquecida devido à integração com o regime político e ao gigantesco distanciamento dos trabalhadores. Ela tem grande temor de que a entrada em movimento da classe operária possa liberar forças que façam com que ela seja ultrapassada, tal como aconteceu na década de 1970 e 1980 com a formação das oposições sindicais que colocaram a maioria dos pelegos ligados à ditadura militar para correr. Mas ela também se vê pressionada, pois se ficar paralisada também poderá ser ultrapassada. Está em um beco sem saída.

A entrada em movimento da classe operária é inevitável. Os setores que têm condições de puxar essa movimentação, neste momento, são as categorias de ponta, nacionais, que se encontram na mira dos ataques dos golpistas, principalmente os petroleiros e os ecetistas.

ABAIXO O GOVERNO GOLPISTA DE TEMER

NENHUM ACORDO COM OS GOLPISTAS

NÃO À PRIVATIZAÇÃO DAS EMPRESAS PÚBLICAS! REESTATIZAÇÃO DAS JÁ PRIVATIZADAS!

Por Comitês Operários e do Movimento Popular, nas fábricas, nos bairros populares, no campo e nos locais de estudo, contra o “ajuste” e o golpismo!

Por milícias operárias e populares de autodefesa contra a repressão!

Por um Congresso de delegados de base das centrais sindicais e de representantes dos Comitês Operários e Populares para discutir a greve geral e um programa de saída operária da crise!

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