É, em mais de um sentido, positivo que esta militância veja os caminhoneiros com desconfiança, até com hostilidade. Mostra um amadurecimento de movimento, ele é desconfiado daqueles que já os atacaram, e desconfiança e suspeita são essenciais para a sobrevivência da classe operária.
A regra de ouro: “não acredite em nada do que você ouve, apenas em metade do que vê” é correta. Então vamos colocar as coisas às claras, é uma greve, ou é manobra golpista?
Aos fatos: os caminhoneiros paralisaram os principais trechos das principais rodovias já há 3 dias. O desabastecimento é sentido fortemente no Rio, em São Paulo e em lugares do Nordeste, será nacional até o fim do dia, aparentemente. No Rio 90% dos postos já não tem gasolina e mais de 50% não terão mais nenhum combustível ao final do dia, os acontecimentos são rápidos, é preciso ter a posição correta de imediato.
Os caminhoneiros são uma categoria com uma quantidade de elementos direitistas, são proprietários e não são operários, fizeram greves para ajudar golpes em vários casos, no Chile contra Salvador Allende, no Brasil contra Dilma Rousseff. São pequenos proprietários, pela sua natureza oscilam entre a classe operária e a burguesia, entre o povo e o golpe.
O motivo de sua paralisação é real, não é fabricado. O preço do combustível está insuportável, é fruto do golpe e da política de privatização da Petrobrás, é fruto do governo antinacional de Michel Temer.
O regime golpista já autorizou o emprego da polícia para quebrar a greve, o exército diz estar de prontidão caso a polícia não seja suficiente.
Os companheiros tomaram a decisão correta de desconfiar, agora é hora de analisar estes fatos.
Os caminhoneiros podem ter direitistas entre eles, mas sua greve é na prática contra a privatização da Petrobrás, mesmo que eles assim não a tenham pensado. A privatização em curso é responsável pelo aumento do preço.
Podem pessoas direitistas fazerem atos de verdadeiro progresso? podem elas se enfrentar com o golpe? Sim, lembremos dos Cossacos, reacionários até alma, que ajudaram a revolução de fevereiro na Rússia, a ideologia é parte da política, mas não a única.
Os caminhoneiros não morrerão de fome por ideologia, seu problema é prático, o preço é alto e precisa baixar, e só pode baixar se os golpistas recuarem neste ponto. E lembremos, não são todos, nem maioria, de fascistas entre os caminhoneiros.
Os grandes capitalistas são ferozmente contra essa diminuição, a Petrobrás já perdeu 13% por fazer uma pequena diminuição temporária. São caminhoneiros de um lado, petrolíferas do outro. A roleta da luta de classes os colocaram em contradição, é preciso acirrar essa contradição.
É preciso que a esquerda reconheça que desta vez as coisas são como parecem, a greve é uma greve! É uma greve contra direita golpista e merece todo nosso apoio, e mais ainda, os operários precisam tomá-la para si, precisam liderá-la, aí entram seus embaixadores no assunto do combustível, os petroleiros.
Operários no sentido clássico da palavra, esquerdistas e radicalizados, combativos e abnegados, os petroleiros estão em preparação de uma greve contra a privatização da petrobrás, é preciso antecipar o plano, parar tudo, formar uma aliança grevistas entre esses caminhoneiros, uma pequena-burguesia, e os petroleiros, a classe operária. É preciso agir agora, a direita irá agir em breve.