A grande unidade da burguesia e dos três poderes da República acumulou força suficiente nos últimos dois anos para avançar sobre direitos sociais e democráticos históricos da classe trabalhadora brasileira. O governo Temer, em parceria com a maioria do Congresso Nacional e a maioria dos juízes do STF, tem construído modificações e ajustes no arcabouço constituinte e jurídico – legislativo brasileiro. O objetivo é direcionar os recursos da União e facilitar vantagens econômicas e democráticas para os interesses do mercado e do sistema financeiro, diminuindo globalmente o valor do trabalho e fechando portas e janelas do regime diminuindo o espaço democrático concedido até hoje para os trabalhadores. Trata-se de uma correlação de forças mais desfavorável para os trabalhadores, e a tarefa central é construir um processo de lutas que reverta os desdobramentos da luta de classes a favor dos interesses dos trabalhadores e setores oprimidos.
Não podemos permitir que a ofensiva dos poderosos que comandam o país avance nem mais um centímetro. Mas para isso acontecer é especialmente necessário colocar de pé uma ampla unidade que envolva as centrais sindicais e o conjunto do movimento operário, o funcionalismo público, os movimentos populares e de luta contra as opressões, a juventude da periferia e o movimento estudantil secundarista e universitário. O dia 10 de agosto é uma grande oportunidade para mobilizarmos multidões nas ruas e retomar as mobilizações que denuncie o escandaloso desemprego de milhões de trabalhadores e que se enfrente contra os ataques de Temer exigindo a revogação da Emenda Constitucional 95 (teto de gastos), a anulação da reforma trabalhista e impedir qualquer ataque a Previdência social. É também um espaço para defender as liberdades democráticas que estão sendo desrespeitadas violentamente no último período. Muitos são os exemplos, o assassinato político de Marielle Franco (PSOL), a reforma política que joga partidos ideológicos na ilegalidade, a injusta prisão de Lula por motivos eleitorais ao mesmo tempo em que vários parlamentares do ultra corrupto “ centrão” e entre os tucanos seguem livres para serem candidatos, a prisão dos 23 do Rio de Janeiro, etc.
O fato de o senador Aécio Neves ( PSDB) estar livre mesmo depois de fartas escutas e provas, enquanto Lula segue preso, é a principal demonstração que a maioria do Judiciário tomou uma posição no tabuleiro da política. O sufocamento do direito de greve do funcionalismo, as intervenções militares nos morros do Rio, nas rodovias contra os caminhoneiros e as ocupações de tropas nas refinarias na greve dos petroleiros também são exemplos de medidas que sufocam o desenvolvimento das lutas dos trabalhadores. O assanhamento de grupos e bandos de ultra direita, movimentos conservadores em alianças com neoliberais, são de conjunto elementos que pavimentam uma ordem democrática no país estranha aos interesses de todos os setores progressistas, de toda esquerda e dos grupos revolucionários no país. Todos os direitos sociais e democráticos estão ameaçados e é preciso fortalecer e construir um gigantesco movimento de resistência.
Agora, não basta só construir as mobilizações do dia 10 de agosto e achar que todos os problemas da classe trabalhadora se resolverão no processo eleitoral no segundo semestre. É necessário disputar a eleição, mas com a consciência de que trata-se de um terreno controlado por nossos inimigos e que, portanto, precisa ser usado também como linha auxiliar para mobilizar os trabalhadores. Após o dia 10 de agosto é necessário que as centrais sindicais continuem convocando um calendário de lutas permanente, apostando no caminho da mobilização dos trabalhadores, criando cotidianamente as condições para que a insatisfação popular se transforme em luta consciente.