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Sábado, 20 Abril 2019 02:26 Última modificação em Sábado, 04 Mai 2019 19:17

O Brasil e a Psicologia de massas

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País: Brasil / Batalha de ideias / Fonte: Diário Liberdade

[Ricardo Bevilacqua] Mas como se deve juntar e medir a força do atual governo brasileiro?

É um verdadeiro tormento, olhar para trás e averiguar quantas contribuições foram deixadas de lado para os avanços do país e acabar num resignado encolher de ombros com um quê de desculpas, porque o trabalho não saiu corretamente como fora planejado. E ainda que o inferno astral do Brasil, pareça ter atingido seu ponto mais alto nos recentes episódios do governo, com o país cada vez mais vulnerável às oscilações da economia e as respostas mostrando o completo descontrole em que ele se encontra, não escorrega pelos dedos; ou melhor, pelos jardins dos palácios; os 55 milhões de votos recebidos, embalados pelas campanhas publicitárias.

Mas como se deve juntar e medir a força do atual governo?

Não obstante, o Maquiavel não resiste em qualificar que, para um governante, é necessário construir sólidos fundamentos. Mas quando sustentados pelas posições eclesiásticas, não se mantém pelo mérito ou pela fortuna, pois, quando justificado seu regimento por poderes superiores; dos quais a razão humana não atinge; não seria próprio do homem presunçoso e temerário, agir de outra forma. Também é necessário construir e considerar que o inimigo deverá incendiar e arruinar o país, logo depois de sua chegada; ora incutindo-lhes o temor da crueldade, ora tomando medidas de segurança contra os que lhe parecem ameaçadores.

Os católicos alemães abençoaram as armas alemãs, tal como os evangélicos brasileiros abençoam as armas brasileiras.

E assim se caracteriza a reconstrução da formação brasileira: a salvação da nação por um ser “todo poderoso” e “abençoado por Deus”, que corresponda inteiramente ao profundo desejo das massas subservientes por salvação. A impotência social é superada pela escola autoritária, alimentada pela igreja e pela paranoia compulsiva. O discurso tem um nítido tom de violência simbólica com a audiência. Como sabemos, os evangélicos, em geral, cultivam um tipo de sinceridade emocional, nem sempre analisando criticamente os discursos religiosos, especialmente vindo de autoridades. E por isso, apoiam-se na concepção mística da natureza imutável, na necessidade de lideranças e na incapacidade de assumir elementos da liberdade. Fórmulas como a de que “o homem precisa de liderança e disciplina”, de “ordem e autoridade”, encontra uma base real na atual estrutura antissocial. Assim, respeita-se de um modo místico e violento, as chamadas “tradições patrióticas” - que nada tem a ver com o verdadeiro sentimento patriótico e apego à terra. E como os problemas da estrutura social nunca foram eficazmente abordados ou discutidos; e muito menos superados; a concepção de uma sociedade não autoritária e científica, governando-se a si própria, é sempre considerada como fruto da utopia irrealizável. Só então a classe dominante começa a mostrar interesse na "moralidade" das classes reprimidas. A ideologia fascista acredita nisso honestamente.

Em outras palavras, o místico e o ideólogo político têm na sociedade uma posição fácil, se comparada com as de homens e mulheres trabalhadores. Ninguém exige provas, para suas afirmações. Prometem, dos seus gabinetes, que trarão Deus, o Diabo e o paraíso à Terra, podendo estar certos de que ninguém os chamará a prestar contas por fraude.

Quem não compreende essa ligação subjetiva no curso dos acontecimentos, não compreende o momento na sua totalidade e a força de atração que ela exerce sobre as massas que, sinalizam características de massas oprimidas, cujas estruturas psíquicas são dominadas por ilusões.

A Social-Democracia cometeu o erro fatal em supor que, aqueles que haviam sido mutilados por anos de poder patriarcal, estariam preparados para a democracia e seriam capazes de governar a si próprios. Deste modo, foi obrigada a assumir o ponto de vista do adversário - inclusive, dentro das suas próprias fileiras - e ser obrigada a dar-lhe razão, sacrificando seus princípios para evitar um confronto e se lançar frequentemente em tentativas de se “chegar a um entendimento” com um inimigo decidido. E, assim, se afundam cada vez mais, envelhecendo rapidamente e tornando sua estrutura senil, como classe social.

Era muito mais sensato usar todas as forças contra a reação fascista enquanto se estava no poder, do que, desenvolver coragem para fazê-lo depois de se tê-lo abandonado. Além de criar as condições econômicas necessárias para a democracia social, o governo petista tinha a tarefa de efetuar uma mudança básica na estrutura do homem, não só por meio tecnização da produção e do comércio. A transformação básica da estrutura do homem era parte integrante e indissociável da teoria sociológica. Essa concepção tinha a missão não só de acabar com as relações de submissão, quer formais, quer de fato, mas também, e acima de tudo, de tomar os homens interiormente incapazes de realizarem atos de submissão. Aqui constituí toda a base social em que essas ideologias dominantes podem se apoiar.

A “República Livre” sempre foi um chavão vazio de conteúdo. Vale lembrar que, o Brasil é um país dotado de um conservadorismo enorme; particularmente em seus segmentos dominantes e proprietários; com traços prussianos, que sempre procurou impedir que as mudanças indispensáveis para o resgate da dignidade da classe trabalhadora venham a ocorrer. E o governo do PT cedeu às exigências dos capitais, precarizando ainda mais nossa classe trabalhadora, com o afloramento das confrontações de fundo. Os poderosos que tinham saído do governo petista com grande poder social, determinaram quem iria governar. Mas notem que. seus avanços são todos mesquinhos, limitados, cheios de um desprezo cínico pelas massas, avarentos e frequentemente inescrupulosos. Revelam-se totalmente indignos do papel que a sociedade lhes reservou. Abusaram desse papel e ao invés de usá-lo para orientar e educar as massas, iriam construir, as tropas de elite do chauvinismo fascista e um lugar para a tagarelice.

E o Brasil se descompensa! E tudo pactuado com uma caneta BIC e conversas traduzidas em libras...

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