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Por Aluizio Alves Filho
O professor Fernando Penna, contrário ao projeto “Escola sem partido”, falava pausadamente e valendo-se de argumentação racionalmente fundamentada para defender o seu ponto de vista. A argumentação era típica e usual por professores experientes, colocando pontos que dão margem para o diálogo, como propôs Paulo Freire.
Durante a sua exposição acompanhei a reação do defensor do “Escola sem partido”: semblante fechado, as pernas balançando nervosamente, sinais típicos de insegurança e ansiedade. Se fosse um educador, com manejo de sala de aula, saberia disso.
Mas não é, como deixa claro, pois começa a falar esbravejando, dizendo que não é educador e que Paulo Freire “não entendia nada de Direito Constitucional”. Deduzo daí tratar-se da fala de um advogado constitucionalista e, a considerar suas palavras iniciais, que não entende nada de pedagogia, nem de educação.
Interessante um advogado confessar que não entende do assunto que está tratando para condenar Freire, que, ao que eu saiba, nunca falou em Direito Constitucional limitando-se a produzir na área de sua competência. Competência que é reconhecida pelos pares, nacional e internacionalmente.
Em seguida, o advogado Miguel Naggib refere-se a Paulo Freire como pedagogo do PT. Esta afirmação deixava claro ser feita por pessoa que não tem a menor noção do que está dizendo, não tendo conhecimento elementar a respeito de contextualização. Um recurso de saber que a Escola, voltada para a construção da cidadania, ensina.
Na sequência, o defensor do projeto “Escola sem partido” passava a vociferar ofendendo a dignidade do professorado, afirmando que em nome da liberdade de expressão xinga quem quiser.
Estou preocupado e muito apreensivo. Sou professor por vocação. Aposentado continuo em sala de aula, onde estou a meio século, passando por todos os níveis do ensino e tendo as qualificações de bacharel, licenciado, mestre e doutor, títulos obtidos em instituições respeitáveis.
Preocupado e apreensivo quando pessoas que nunca moveram uma palha visando melhorar as condições de ensino no país investem contra a Escola e o professorado, fazem um discurso impositivo e irracional. Como toda proposta ditatorial, tenta amordaçar professores, intimidar alunos, enxovalhar a Escola e destruir a liberdade.
Não tenho dúvida acerca do projeto “Escola sem partido”. Não é uma proposta democrática fundada no liberalismo, nem mesmo no chamado neoliberalismo ou no conservadorismo e sim em quem, apresentando-se como dono da verdade, opera com o irracionalismo e em pseudo-argumentos que não são mais que ameaças, ofensas e xingamentos. O ovo da serpente que está na base da “Escola sem partido” é o nazismo.
Aluizio Alves Filho – doutor em Sociologia pela UnB, professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-RJ e docente aposentado da cadeira de Ciência Política do IFCS/UFRJ.
Consulta Pública - PLS 193/2016 - PROJETO DE LEI DO SENADO nº 193 de 2016 - Autoria Senador Magno Malta, disponível em:http://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=125666
Blog do autor http://jornalggn.com.br/blog/roberto-bitencourt-da-silva/