Tal qual Rafaela Silva, Robson Conceição foi mais um negro a ganhar os holofotes nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Pobre, negro e baiano Robson teve sua infância rodeada dos perigos, de qualquer criança periférica, e da violência das ruas de salvador. Afirmou em entrevista ao Jornal Gazeta do Povo ter entrado no programa social de esportes e por lá ter conhecido o boxe que segundo ele salvou sua vida, pelo envolvimento em brigas nas ruas da cidade, do aumento da violência e do acesso a armas de fogo. Após a conquista da sua primeira medalha olímpica,e da primeira nesta categoria para o Brasil, suas declarações deixam claro o quanto a oportunidade de praticar um esporte foi fundamental para mantê-lo afastado de uma realidade de brigas e criminalidade. Em entrevista ao mesmo Jornal Robson afirma que “Hoje ninguém mais quer isso. Ninguém mais que tomar soco de ninguém. Se não fosse pelo boxe, eu teria uma história diferente”.
Robson ressaltou os bons exemplos oriundos de programas sociais, como o de Rafaela Silva medalhista no Judô e criticou a proposta de Emenda à Constituição (PEC)171/1993, que trata da redução da maioridade pena de 18 para 16 anos. Disse que: “Eu e a Rafaela viemos de comunidades humildes e surgimos em projetos sociais. Não acho justo punir crianças. Isso seria totalmente diferente. Deveríamos, sim, investir mais em projetos sociais e fazer crianças e adolescentes praticarem esportes”. Essa declaração vai contra as reivindicações reacionárias que invadiram as redes sociais com textos e memes de caráter meritocrático, Robson assume ter sido exceção, na realidade oferecida para as crianças negras e periféricas. Ele elogiou e reivindicou os incentivos aos programas sociais relacionados aos esportes.
Desde que entrou em votação na Câmara, no ano de 2015, a PEC referente a redução da maioridade penal incitou discussões e manifestações em toda a sociedade. Num cenário de tantos ataques a juventude e aos trabalhadores conquistas como a de Robson e Rafaela mostram como o caminho de soluções para os problemas que afligem os jovens e crianças nas favelas e periferias passam por mais investimentos em esporte, cultura, lazer, saúde e educação. Não se trata meramente do esforço individual, tão reivindicado pelos discursos meritocráticos, mas do oferecimento de possibilidade e de oportunidades de futuro para os jovens e o exemplo de Robson Conceição deixa isso claro!
Entrevista completa: http://www.gazetaesportiva.com/olimpiadas-2016/robson-diz-que-boxe-salvou-sua-vida-e-critica-reducao-da-maioridade-penal/