Do lado de fora do teatro, minutos antes do início do show, o único som que se ouvia era o descompasso das sirenes de dezenas de viaturas da Polícia Militar.
A performance do grupo responsável por “Soledad”, composto por Bjanka Vijunas (voz), Igor Souza (samples, periféricos, ruídos, percussão e sopros), Michel de Moura (guitarra, violão e voz), Rafael Tosta (guitarra e voz) e Thiago Pereira (baixo acústico), foi emocionante, e fez aflorar a cada canção uma verdadeira mistura de sentimentos no público que estava presente.
Enquanto os olhos se concentravam nos movimentos das mãos junto aos instrumentos musicais, a pele se eriçava no mesmo compasso do cantar da incrível voz de Bjanka Vijunas.
O show de lançamento ainda contou com a especial participação de Ñasaindy, filha de Soledad Barret, que apresentou a história e algumas das mais duras batalhas que Soledad precisou enfrentar, sempre com muita coragem.
O álbum reconstrói uma narrativa épica, entrelaçada por sambas, guitarras, ruídos e experimentações. Segundo afirmou Michel Moura, “Soledad se afasta de um conceito de canção enquanto entretenimento, discutindo a própria canção enquanto conciliadora de classes” [1].
A verdade é que “Soledad” realiza de forma sensível e admiravelmente bem os versos do poema “Por que Cantamos” de Mario Benedetti [2]. Cantamos porque cremos no povo e porque venceremos a derrota, cantamos porque os sobreviventes e os nossos mortos querem que cantemos, cantamos porque somos militantes da vida e porque não podemos e nem queremos deixar que a canção se transforme em cinzas.
Ouça o disco “Soledad” acessando os links abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=1b83IsL-RP4&feature=youtu.be
https://soledadvive.bandcamp.com/
Notas:
[1] Acesse a íntegra da entrevista aqui https://gz.diarioliberdade.org/artigos-em-destaque/item/57682-soledad-barret-sera-homenageada-em-show-na-proxima-semana-em-sao-paulo.html
[2] Poema "Por qué cantamos" de Mario Benedetti in: "Mario Benedetti: Canciones del más acá". Ed. SeixBrasil, 1993. Tradução livre.