Os interesses que movem esta manobra ficam evidentes nos atos e no programa do presidente usurpador e da coligação que o sustenta: a reforma da previdência, o ataque aos direitos dos trabalhadores na reforma trabalhista, a desvinculação dos aumentos do salário mínimo dos benefícios previdenciários, o congelamento dos gastos públicos por vinte anos, a violência do ajuste fiscal para garantir as condições favoráveis ao pagamento da dívida pública, a entrega do Pré-sal, o ataque à saúde e à educação pública e a prioridade aos interesses privados dos grandes monopólios e do capital estrangeiro.
Mais uma vez serão os trabalhadores que pagarão a conta dos acertos dos poderosos. Muitos iludidos e manipulados pela grande mídia, logo perceberão o caráter reacionário do governo do usurpador Temer e de seus aliados. Manipulados pelo sentimento contrário à corrupção, criaram-se as condições para um governo que, além de intrinsecamente corrupto, se mostrará como um verdadeiro serviçal dos interesses poderosos do grande capital monopolista e do imperialismo.
É flagrante a conivência de todos as esferas do poder do Estado nesta manobra parlamentar institucional, com destaque para o Supremo Tribunal Federal que zelou para referendar um processo baseado em flagrante ilegalidade, diante da ausência do crime de responsabilidade. O parlamento, o judiciário e o executivo, quando já dirigido pelo presidente interino, combinaram suas ações de maneira eficiente para levar ao desfecho esperado.
O usurpador Temer fala agora em pacificação, em unidade nacional que estaria acima de interesses partidários e da necessidade do sacrifício de todos em nome do crescimento econômico. Mas, não haverá paz para o governo ilegítimo. Os trabalhadores devem resistir aos ataques a seus direitos e à ilegitimidade desse governo dificultará bastante seus anseios pela estabilidade de que necessita para atrair os investimentos através dos quais pretende vender o país para os interesses imperialistas, já na sua viagem para participar do encontro do G20 na China.
Depois de anos de pacto social e de ilusão de classes, viveremos um período de radicalização das lutas sociais e das resistências populares, ao mesmo tempo que o conservadorismo e a reação que cresceram no último período produzirão um ambiente de confronto e repressão. Neste cenário, cresce a necessidade de unidade entre as forças de esquerda, buscando a constituição de uma real alternativa de poder que possa enfrentar os verdadeiros problemas de nosso pais na perspectiva dos trabalhadores e da maioria da população. O PCB reitera sua posição de que esta alternativa deverá ser anticapitalista e socialista, evitando cair, novamente, na ilusão de classes em alianças com setores da burguesia, que levou a este episódio lamentável.
O governo de Temer nasce ilegítimo e indigno, sendo impossível maquiá-lo de legalidade por mais que assim se esforcem os aparatos judiciários, a grande mídia e o ritual das instituições estabelecidas. Nasce medroso, intimidado, escondendo-se do povo. Nasce pequeno e enlameado pelo oportunismo. Terá o apoio dos poderosos. Mas terá a firme e decidida oposição dos trabalhadores e dos setores populares. Sabemos, no entanto, que a única força capaz de desmascará-lo vem das lutas sociais e da resistência que formos capazes de empreender.
As classes dominantes e seus serviçais, que levaram a cabo esta triste página de nossa história, cedo ou tarde responderão diante do juízo da história por seus atos. Mais uma vez ficou comprovado o caráter burguês do Estado brasileiro e o caráter reacionário das classes dominantes.
O PCB, que aprendeu com sua experiência a não confiar no Estado burguês e em qualquer aliança como as classes dominantes, reafirma sua confiança de que os trabalhadores também apreenderam a confiar em si mesmos e construir sua própria alternativa socialista e revolucionária.
Fora Temer!
Pelo Poder Popular!
Pelo Socialismo!
PCB – Partido Comunista Brasileiro
Comitê Central – 3 de setembro de 2016