As maiores centrais sindicais do país promovem um dia nacional de paralisação nesta quinta-feira (22). Sob o mote de "Nenhum Direito a Menos", as entidades consideram a mobilização como uma atividade preparatória e de construção de uma greve geral no país.
Participam da série de atividades, que se contrapõe às medidas que a gestão do governo não eleito de Michel Temer (PMDB) vêm anunciando em relação ao mundo do trabalho, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), InterSindical, Nova Central, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Força Sindical - a última, inclusive, apoia o governo do peemedebista. Além das centrais, movimentos populares também se somarão às mobilizações na data.
Unidade
"As centrais sindicais mais os movimentos populares promoverão um dia de paralisações, mobilizações e passeatas. Será um ato unitário, que vai ocorrer durante todo o dia", explica Wagner Gomes, secretário-geral da CTB.
De acordo com Gomes, a principal bandeira da mobilização será a denúncia das medidas que vem sendo anunciadas por Temer em relação à reforma trabalhista e previdenciária: "Somos contra uma reforma da Previdência que estipule uma idade mínima para aposentadoria; contra aumento de jornada e contra flexibilização das relações trabalhistas".
Os sindicalistas criticam a postura do governo em relação ao debate destas questões. "Tudo ainda está muito jogado no ar. Ninguém diz as coisas como deveriam ser ditas. O governo apresenta uma coisa, depois muda e diz que não falou. O presidente da CNI [Confederação Nacional da Indústria] falou em 80 horas, depois recuou. Vem o ministro do Trabalho e fala 12 horas por dia, multiplicando por cinco da 60", aponta João Cayres, diretor da CUT nacional e secretário-geral da CUT paulista. "Essa história da idade mínima vai prejudicar justamente os mais pobres, que começam a trabalhar muito mais cedo, vão ter que trabalhar muito mais para se aposentar", diz.
A Frente Brasil Popular - articulação de movimentos populares, coletivos feministas e de juventude e entidades sindicais - também aderiu à paralisação e também critica as propostas de congelamento no investimento público e o pacote de privatizações, incluindo a entrega do pré-sal.
Ensaio
A ideia das centrais é que no dia 22 se inicie um processo mais amplo de construção de uma greve geral no país caso seja necessária.
"A gente acredita que o governo está segurando um pouco por conta das eleições municipais. Depois disso, vão querer passar o trator. Precisamos estar atentos e preparados", diz Cayres. "[Nesta quinta-feira], a intenção maior é fazer [mobilizações] nos locais de trabalho, nas várias regiões. Nós vamos realizar assembleias nas fábricas - no setor público também, como em hospitais - explicando para os trabalhadores o que está em risco. Há 55 projetos [de lei] no Congresso que incluem retirada de direitos", completa.
*Edição: Simone Freire