Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (21) pelo Instituto Datafolha indica que um em cada três brasileiros acredita que, em casos de estupro, a responsabilidade é da mulher por “não se dar ao respeito”. Culpabilização da vítima por 33,3% da população, em pleno século 21.
Enquanto isso, 85% das mulheres do país andam inseguras pelas ruas; pegam transporte público olhando para os lados, cuidando possíveis molestadores; precisam de companhia de amigos para irem a festas e tentar fugir dessa realidade indigna de medo ininterrupto.
Para a Deputada Federal Jô Moraes (PCdoB-MG), o que enfrentamos é um enraizamento da cultura do estupro na mentalidade dos brasileiros. Ela diz que isso é inaceitável e esse status precisa ser desconstruído.
“Há uma invisibilidade em relação à violência sexual. Nós queremos que as políticas públicas, as instituições e o Estado brasileiro tomem em suas mãos a defesa da vida, porque estupro é crime. A culpa nunca é da vítima. É preciso acabar com a cultura do estupro”, defende a parlamentar.
Jô Moraes está correta. A culpabilização da vítima acontece inclusive no universo feminino, onde o crime é mais frequente. 32% acreditam que se a mulher não age para tal, se ela “se dá ao respeito”, não será estuprada. Entre os homens, o pensamento ainda é mais comum: 42% deles concordam com a afirmação.
Segundo a líder da Minoria na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a questão trata de respeito. “Isso é tratado como algo normal, como se as mulheres tivessem que se submeter. Às mulheres restou a luta pela igualdade, por direitos. Só há estupro onde há estuprador”, reforça a deputada.
O estudo também contempla o temor da população em se tornar vítima. Dados indicam que isso varia de acordo com a região do Brasil. No Nordeste, por exemplo, o índice de mulheres que receiam ser violentadas sexualmente chega a 90%. No Sul do país, são 78%.
A pesquisa foi encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Foram entrevistadas, entre os dias 1º e 5 de agosto, 3.625 pessoas de 217 cidades do Brasil.
Fonte: PCdoB na Câmara