Sempre ouvimos falar da branca região sul brasileira, mas nunca dos povos que a guardaram e a construíram. Dos povos que foram expulsos e dizimados para o conforto do branco. Sem recordar o referente ausente caímos na armadilha bem plantada para apagar a história que aconteceu por essas querências e embranquecer/colonizar a terra invadida. Esses povos esquecidos e abandonados pelo tempo vivem hoje tendo de fazer um baita esforço para sobreviver. No rio grande do sul vivem ao lado de grandes rodovias em cidades pequenas (De espaço e de recursos) dominadas pelo latifúndio. Sofreram muito e fugiram a diversas regiões quando os bandeirantes paulistas vieram para a caça de escravxs nativxs. Os Bugreiros (caçadores de indígenas) cometiam diversas atrocidades com xs nativxs, era declarada a “guerra aos bugres” (Indigena) como eram chamadxs xs indígenas. Xs “Infestadores de meu Território” como definia D. João VI viram o insucesso das expedições justamente porque os bugreiros não conheciam a terra que pisavam e pelo fato de terem equipamentos precários. Somava-se a isso a política assimilacionista de Marquês de Pombal que buscava o etnocídio dos povos por meio das missões.(Tentativa de cristianizar e civilizar xs indígenas.)
O povo preto chegou ao sul com a chegada da invasão portuguesa na condição já de escravxs, serviu de bagageiro pro branco por estas plagas se aquerenciar, viver e prosperar. Apesar de o chamado guarani missioneiro e o gaucho castelhano terem maior confiança do Patrono, viviam de forma simples e campeira. (Gaúcho:Mistura de nativx, africano e descendente de espanhol e português.Mas lembremonos que por muito tempo os europeus que vieram a Abya Yala (América) para povoar-lá, eram consideradxs a escória da sociedade europeia, muitos de povos vencidos como os mouros). Utilizados pelos espanhois e portugueses em suas guerras por conquistas se enfrentaram, outra hora se aliaram, outra fugiram, eram testados com várias estratégias para dividir e conquistar seu povo. Servindo de soldado, peão ou tropeiro o povo preto e nativo lutou bravamente em guerras ansiosos pela plena liberdade. O que receberam em troca foi o genocídio e a invisibilidade na construção do sul do país. Um exemplo é o episódio denominado o “Massacre dos Porongos” onde um grande contingente de pretos e indígenas escravizados foram mortos num ato de traição das cabeças farroupilhas e imperialistas da guerra dos farrapos. O povo preto e nativo destas terras eram mui Buenos peleadores, lanceiros valentes que não temiam lutar por tua liberdade. A contribuição desses povos para o que hoje é chamado de costume gaúcho é imensa, de exemplos temos, na linguagem, na comida, nas festas religiosas, nos instrumentos musicais, no folclore e no tradicional vestuário gaúcho.
Alguns povos que pesquisei do rio grande do sul que podem ou não ser os mesmos, com denominações dadas pelos colonizadores: Arachás/Arachanes, Tapes, Carijós, Camogoaras, Tabacangoaras, Catigoaras, Tupis, Carogoaras, Charruas, Minuanos, Guaranis, Guaianás, Pinarés, Caáguas, Guenoas, Iarós, Mbohanes/Mboanes, Canans, Xokleng, Kaingang, Nhandeva, Mbyá (Avá Mbyá e Cainguá), Cayowa (Kaiowá?), Guaicurus, Chanás, Mbaias.
Costumes nativos:
Vestimentas:
-Boleadeiras(Instrumento para apreender animais e inimigos.)
-Poncho
-Chiripá(Mbaya)
Linguagem:
-Pelota (Barco de uma pessoa só.)
-Caiçara(cerca de troncos, paliçada.)
-Aroeira, Caim, capivara, capoeira, cutucar,
cipó,cuia,guri,peteca,taquara,araçá,biboca,caboclo,tatu,piá,china,cancha,guacho, charque, chasque, guasca, guampa, pampa, mate, xiru ,vincha, inhapa, guaiaca, lechiguana, tambo...
Palavras de origem africana: anta, angico,angu, banana, batuque, bambaquerê, bombear, cacimba,caçula, cachimbo , fandango,matungo, macaco,monjolo,mulato,milonga, quitanda, sanga...
O fogo de chão e o costume de tomar chimarrão também foram herdados dos povos nativos, bem como o hábito de tomar banho todos os dias, e o gosto por música e dança. O modo de viver campeiro é também muito semelhante a forma de que alguns povos sobreviviam, mascar fumo e o churrasco em brasas espetado num pedaço de pau eram seus costumes.
“Esta terra tem donx!” já gritava Sepé Tiaraju.