As redes sociais foram inundadas de mensagens de despedida escritas por residentes da cidade síria de Aleppo, enquanto o Exército sírio avança para arrebatar o controle dos terroristas. No entanto, o fato de que as mensagens chegaram às redes simultaneamente, em 12 de dezembro, levantou a suspeita de que pudesse se tratar de uma campanha de propaganda coordenada.
“Este pode ser meu último vídeo”, “É a última vez que vos falo”, “Bombas, bombas por todas as partes” ou “Estamos vivendo um genocídio, literalmente” são algumas das mensagens publicadas, a priori, por civis inocentes, aparentemente alheios a qualquer estratégia política e que a única coisa que fazem é lutar por suas vidas.
Quem deixou seu último adeus?
Entretanto, algumas dessas pessoas são, na realidade, ativistas, que apoiam os rebeldes sírios, frequentemente infiltrados por membros da Al-Nusra ou outros grupos que lutam contra o governo de Bashar al-Assad. Em um dia esses ativistas dizem adeus ao mundo nas redes sociais, e no dia seguinte concedem entrevistas para a BBC e para a Al Jazeera em horário nobre. Alguns desses ativistas criaram contas no Twitter este ano e já têm milhares de seguidores.
Entre os ativistas está Bilal Abdul Kareem (@bilal.a.kareem), norte-americana que promove a propaganda das “forças rebeldes”, Ismail Alabdullah (@ishmael12345611), membro da organização Capacetes Brancos, criticada por suas duas caras e financiada principalmente pelos Estados ocidentais, sobretudo EUA e Reino Unido, países que financiam os rebeldes.
Entre as mensagens também destacam as da menina Bana (@AlabedBana), de apenas 7 anos, que tem mais de 250 mil seguidores (embora tenha se registrado no Twitter somente em setembro último) e que tuíta em um perfeito inglês desde o coração de Aleppo oriental com ajuda de sua mãe.
O que todos eles têm em comum?
Ao que parece, esses comentários querem mostrar só um lado da história da guerra na Síria, onde o presidente do país árabe acaba com a vida de seus próprios cidadãos (que supostamente tratam de fugir do genocídio do Exército sírio) enquanto que os milicianos defendem os habitantes dessas atrocidades.
O que dizem os fatos?
Desde o início da operação em Aleppo, o Governo sírio, com apoio da Rússia, conseguiu evacuar cerca de 80 mil civis da cidade. Esta quarta-feira o Centro russo para a Reconciliação na Síria ajudou quase 6 mil cidadãos a sair de Aleppo em um só dia, enquanto que 366 rebeldes armados depuseram as armas. Nesse momento as forças do governo dão um ultimato para a libertação completa da cidade.
Quase um ano depois que foi desencadeado o conflito armado na Síria, em março de 2011, Aleppo foi invadida e tomada por diferentes contingentes armados de forças rebeldes da oposição síria e do grupo terrorista Frente Al-Nusra, grupos que combatiam entre si e contra o Exército governamental pelo controle da cidade, além de instaurar a sharia nos bairros que dominavam.
Testemunhos de civis presos em Aleppo
Segundo informação obtida dos mesmos residentes, os terroristas executam operações diárias de castigo ao atirar contra civis e combatentes que abandonaram a luta armada. Além disso, os terroristas saqueiam os armazéns de alimentos, não permitem aos civis que abandonem a cidade através dos corredores humanitários, organizados pelas autoridades russas e sírias e colocam minas no meio da rua que estouram diariamente contra os próprios habitantes.
Como foi dado a conhecer, os milicianos se ofereceram para tirar da cidade civis menores de 14 anos e maiores de 55 anos por meio de corredores humanitários em troca do pagamento de 300 dólares, dinheiro que – segundo eles – será destinado ao apoio a “nossos irmãos nas frentes de combate”.