20 milhons de rublos por danos, a anexaçom da Arménia, Geórgia, Azerbaijám, Abjásia, Ossétia do Sul, e o controlo total sobre o mercado iraniano.
Assim, os czares ganhavam o Grande Jogo ao Império británico no Irám. E serám cousas da vida que, quando no dia 19 de dezembro do 2016, o embaixador russo em Ancara era assassinado (porque a Rússia desafiava o domínio da Turquia e dos seus aliados sobre a Síria), Vladimir Putin ia ver umha obra de teatro de Griboyédov.
O magnicídio do diplomata russo Andrei Karlov sugere as seguintes observaçons:
Que Karlov foi umha das cerca de 550 pessoas que fôrom vítimas dos atentados terroristas nas duas últimas semanas ocorridos na Turquia, Egito, Iémen, Jordánia, Nigéria, Iraque e Alemanha. Mas, como se vê, nem a morte iguala os seres humanos, nem nós paramos a indagar no “cui bono”.
O atentado, que mostra os graves problemas de segurança na Turquia, mais do que danificar as relaçons entre Moscovo e Ancara, transmite umha mensagem ao próprio Erdogan: nom será difícil dar cabo dele! Embora este golpe também venha a ser utilizado utilizado polo sultám míope para endurecer a repressom e restaurar a pena de morte. O “Estado Profundo” que domina o cenário turco e que ali chamam “mentes obscuras”, integra milhares de agentes da CIA, Mossad, BND, Mit, Gulenista (ou seja, Gladio), etc, está provocando umha guerra civil, que aponta, além disso, para o próprio presidente.
Ancara, sem ter provas, já assinala o clérigo exilado Fethullah Gülen, enquanto Moscou pede umha investigaçom exaustiva sobre a identidade dos responsáveis. Mas, embora ambos tenham na mente o rosto do verdadeiro autor intelectual, ele será chamado de “terrorista” para salvar a relaçom recém retomada e fechar a crise.
Tenta-se provocar a Rússia, empurrando-a para outra armadilha. Vladimir Putin anunciava duas semanas antes a nova estratégia da Rússia de “fortalecer as suas posiçons” no mundo, que é mais contundente que “a Doutrina Putin” de 2013.
As balas enviárom também um aviso aos representantes de Ancara antes de se reunirem com os seus homólogos iranianos e russos em Moscovo, para decidir os seguintes passos na Síria sem contarem com os EUA e Arábia Saudita.
A cimeira, que foi convocada polo Kremlin depois da libertaçom de Alepo, quererá mostrar o controlo da Rússia sobre a situaçom da Síria na véspera da tomada de posiçom por Donald Trump em janeiro, e assim aumentar sua capacidade de negociar a respeito das multas impostas à Rússia e a nova partilha de influências em Oriente Próximo.
Sai à luz o braço de força entre os “atlantistas” e os “eurasianistas” no Partido da Justiça e o Desenvolvimento. De que lado devemos estar? Um dilema que de outra maneira também está presente ao seio do poder no Irám. Mas o exército turco foi treinado pola NATO para luitar contra os adversários dos EUA na regiom, entre eles a Rússia, Irám e Síria, e uns quantos acordos comerciais com uns e outros nom muda esta realidade.
Dias antes, Benjamin Netanyahu visitava Azerbaijám, vizinho do Irám, a quem vendeu nos últimos anos armas no valor de 85,4 mil milhons de dólares. Israel, que é o único ganhador absoluto das guerras bélicas e económicas contra o Iraque, Líbia, Síria, Sudám, Iémen e Irám, pretende alugar no país azeri as quatro bases militares da era da URSS para levar adiante o plano de EUA contra Irám.
É certo que este assassinato oferece vantagens à Rússia na Síria nas suas negociaçons com Turquia: terá mais motivos para atacar as posiçons dos rebeldes e exigir-lhe abandonar de vez a ideia de derrocar Assad. Cousa que faria, pois hoje a principal preocupaçom do ditador turco som os curdos sírios e os do seu país, daí que continue a patrocinar o terrorismo jihadista para os destruir.
Os EUA, que utilizam a "carta curda" na regiom, ignorárom Ancara, armando a guerrilha curda da Síria. E de facto agora conta com duas bases militares no território curdo do país destruído.
É ingénuo pensar que a Rússia, o Irám e a Turquia poderiam formar um triángulo estratégico. A história, a geografia e os interesses contraditórios dos três tornam a sua aliança absolutamente tática e fruto do pragmatismo; romperá polo peso das forças antirrussas e pró ocidentais nos governos do Irám e Turquia, bem como polo braço de força da cada um para conquistar a hegemonia da regiom.
A Turquia, que na década de 1980 contava com o apoio dos seus aliados na luita contra o "terrorismo" curdo, hoje está só. E nom só isso: o velho aliado, os EUA, planeja acabar com o presidente do país.
Washington, ao enviar a Turquia para a guerra contra a Síria repetia a mesma tática que tinha utilizado com o Iraque em 1991, incitando Saddam Husein a invadir o Kuwait para poder anunciar a Nova Ordem Mundial sobre os restos da URSS. Ancara enganou-se numha questom chave: a NATO (ou seja, EUA) nom está para servir os seus sócios, e sim para que eles lhe sirvam de instrumento para manter sua hegemonia global. Erdogan já sabe que os EUA costumam presentear umha soga aos seus aliados quando já nom precisa deles.
O facto de que em 2017 o diretor de ExxonMobil, Rex Tillerson, dirija a política exterior dos EUA porá o projeto qatari do gasoduto à Síria no centro da guerra, agora que já cumpriu seu principal objetivo: desmantelar o Eixo de Resistência a Israel, formado polo Irám, Síria, Hizbolá e Hamas.
Trump precisará de umha Turquia estável e amiga para executar este projeto e Erdogan nom é seu homem. Todos sabem que a “prosperidade” e estabilidade da Turquia (o que já é história) sob o seu comando foi fruto da destruiçom do Iraque, Síria e as multas contra o Irám. O regresso das petroleiras à primeira fila da política dos EUA anuncia novas guerras na regiom mais estratégica do planeta.
Umha das conseqüências da desestabilizaçom da Turquia será a saída em massa, nom só dos refugiados sírios, como também dos próprios turcos do país. Questom que nom preocupa os “desestabilizadores”, umha vez que será considerado “dano colateral” dos determinantes jogos estratégicos-energéticos mundiais.
A Turquia, um dos pilares da Eurásia, acha-se em risco num beco sem saída para umha guerra “civil” que já começou.