1- Marx e a fundação do materialismo dialético:
Karl Marx, nascido na cidade de Tréveris na Alemanha, inicialmente formou-se em filosofia (tendo a priori passado pelo curso de direito). Tendo prosseguido ao fim de sua vida acadêmica como adepto ao "hegelianismo de esquerda" (corrente liberal-democrática que partia do idealismo hegeliano), Marx no decorrer de sua vida começa a formular uma nova teoria social tendo por ponto de partida o a filosofia de Hegel, filósofo responsável por sistematizar a visão dialética e idealista da sociedade. Resumindo de uma maneira ousada pela delicadeza que deve ser trata uma teoria, a filosofia Hegeliana parte da primazia do espírito (que Marx chamou de superestrutura) sobre a matéria. Como exemplo, para a filosofia Hegeliana o Estado representa o nível máximo da racionalidade e é o próprio Estado que funda a sociedade civil/política, onde, se rege com base no princípio da dialética, onde, tudo é a negação de si mesmo e tudo está em movimento, ambos se relacionam e se condicionam. Desta maneira, o Estado cria a sociedade civil que passa a influenciar e moldar o Estado.
Marx rompe de vez com o hegelismo e formula uma nova teoria da história e do ser social, definitivamente indenficada na produção da obra a ideologia alemã publicada por definitivo no ano de 1933, ele então adota uma visão materialista da sociedade e da história, que chega para ele através de Feurbach, em seu livro A essência do cristianismo publicada em 1841. A visão materialista negava a ideia de que o espírito, a ideia, o plano imaterial e etc., detinham a primazia sobre o plano material, de acordo com essa visão, a primazia era dada pela matéria a qual era a condição para o plano imaterial.
Marx, então, tendo adotado a visão materialista da sociedade, não deixa de manter o principio da dialética, criticando assim o materialismo a - histórico e "estático" de Feuerbach. Dessa maneira estava desenvolvida uma nova visão do ser social e de sua totalidade, o materialismo histórico-dialético.
2- O materialismo histórico-dialético:
Marx então no desenvolver do seu pensamento funda uma nova teoria social, que agora parte da primazia da vida material como condição da existência das outras categorias que regem a sociedade, levando em conta seus processos históricos.
No prefácio escrito por Marx a sua obra Contribuição a crítica da economia política, ele sintetiza objetivamente seu método de análise. Em tal prefácio e em outras partes de suas obras como a própria ideologia alemã, Marx formula então uma visão da história, dando por base de todo momento histórico (e o fator que condiciona toda a vida social) o modo de produção em que se está colocado. Por modo de produção se entende a junção das forças produtivas (que se dá na força de trabalho e os meios de produção, em síntese os instrumentos de transformação da natureza) mais as relações de produção (que são as relações sociais que os homens estabelecem na sua produção), do qual condiciona o que Marx chamou de superestrutura (que são o Estado, as leis, formas de pensar e etc., ou seja, o meio imaterial).
Dando o exemplo do sistema que vivemos, uma analise Marxista poderia nos dar a seguinte resposta: O capitalismo é um modo de produção que sucede o modo de produção feudal (derrotado pelas revoluções burguesas) baseado em relações de produção em que se há a contradição entre Capital x trabalho (os detentores dos meios de produção e os que vendem sua força de trabalho, que Marx chamou de burguesia e proletários) que tem por forças produtivas a indústria, esse modo de produção condiciona uma superestrutura política baseada na democracia burguesa, leis que protegem a propriedade privada (dos meios de produção) e expressam a contradição entre capital e trabalho (que Marx chamou de luta de classes) como a necessidade de uma legislação trabalhista para intervir em tal contradição e etc.
É importante ressaltar, que construída a sua teoria social e seu método, Marx analisa o capitalismo em sua ontologia (o seu ser) para explicar a totalidade e as múltiplas determinações da sociedade burguesa, das quais tal obra veio publicada como O capital, tendo quatro volumes.
3- A revolução proletária e a transição socialista para ao comunismo.
Marx identificou então que é a luta de classes que da movimento história, chega há um determinado momento em que as relações de produção se chocam com as forças produtivas e tais forças se tornam destrutivas, abrindo uma era de revolução social desencadeada pela classe oprimida de tal momento histórico. Dessa maneira, Marx faz algumas análises da história identificando que o capitalismo é o modo de produção que vai simplificando as classes em duas, burgueses e proletários, dando as condições objetivas para uma sociedade sem classes, onde, se põe fim na contradição capital x trabalho destruindo a propriedade privada dos meios de produção, assim, socializando tais meios com os trabalhadores. Isso, como o método dialético de Marx permite identificar, virá através da luta de classes atual, onde os proletários tomam o poder político instaurando o socialismo, assim, transitando para o comunismo que é o ponto de chegada para a sociedade sem classes. A obra central para entender o cerne dessas questões é o Manifesto do partido comunista publicado em 1848 por Marx e Engels.
É evidente que essa é apenas uma simplificação e a teoria socialista vai muito além, mas não cabe a mim nesse exato momento transgredir a totalidade que a rege.
4- O marxismo depois de Marx:
Dentro dos adeptos da teoria de Marx houve um debate sobre a questão do conceito de “marxismo” ou teoria “marxista” e etc., ficará por um momento posterior essa questão, mas de antemão ressaltando que acabou se dividindo entre “Teoria Marxiana” que diz respeito às obras de Marx e Engels e “Teoria Marxista” que leva em conta os posteriores autores adeptos a teoria social de Marx.
Desde a revolução bolchevique e as experiências socialistas no mundo com seus líderes até no âmbito da academia, vários autores adotaram o materialismo histórico-dialético como método de análise sócio-histórico e desenvolveram estudos com base na teoria de Marx, desenvolvendo assim uma tradição Marxista que pendura até os dias de hoje, da qual se encaixa autores como Lênin, Gramsci, Luckacs, Losurdo, Florestan Fernandes, Mesários, Rosa Luxemburgo e etc. Desde então o Marxismo perdura sobre a sociedade e por meios de vários autores se reproduz através de suas obras.
5- Conclusão:
A teoria marxista diz respeito a uma teoria social que tem um método (materialismo histórico-dialético) e uma perspectiva revolucionária de classe. Tendo seus fundamentos desenvolvidos por Marx e Engels, se desenvolve até os dias de hoje em autores que adotam tal teoria e continuam fazendo analises da totalidade que rege a sociedade burguesa e apontando os caminhos para a construção de uma nova sociedade.
Autor: Eldes Renato, graduando em ciências sociais pela UFG e militante do PCB.