Existe, dá pelo nome de East StratCom (Comunicações Estratégicas para o Leste, em tradução livre) e embora extremamente discreto não é um organismo secreto, uma rápida pesquisa na Internet dar-lhe-á como resultado uma página da União Europeia com perguntas e respostas acerca da ESC bem como a página oficial com as listagens mais recentes de notícias "suspeitas" de simpatia para com o Kremlin, apresentando simultaneamente notícias falsas sobre a União Europeia que, alegam, serão publicadas na Rússia ou emitidas pelas televisões eslavas.
Ora bem, pese embora o que divulguei no primeiro parágrafo, a página da União Europeia nega que a ESC compile listas de supostos agentes russos ou que esta analise as opiniões dos cidadãos europeus, infelizmente para a versão oficial a deputada Marie Krarup, do Partido Popular dinamarquês, tornou público na semana passada o facto da ESC na prática possuir mesmo uma lista e ser extremamente fácil lá ir parar, especificando o caso de uma jornalista sua conterrânea, Iben Thranholm, que foi colocada na lista graças a um texto de opinião que assinou.
Oficialmente, a ESC foi fundada com o objectivo de contrapor "as campanhas de continua desinformação por parte da Rússia" para evitar que o Kremlin interfira e desestabilize a democracia europeia. Para este propósito emite, duas vezes por semana, um boletim onde reúne o que considera serem as histórias de desinformação pró-russa, tentando fortalecer o sentimento pró-europeu junto dos países da Europa de Leste. Como em 2017 teremos eleições na França, na Alemanha e na Holanda, o Conselho Europeu decidiu canalizar mais recursos para monitorizar as interferências da Rússia, que consideram ser uma ameaça para a Europa.
Tendo o debate chegado ao Parlamento dinamarquês, a jornalista Iben Thranholm reagiu exigindo saber quais os critérios para ser considerada uma agente russa, pois "o grupo de trabalho não apresentou quaisquer provas de um acordo existente entre o Kremlin e a minha pessoa. E por uma boa razão, pois tal contrato não existe. Trata-se de uma desculpa, pura e simples" para atacar a sua liberdade de opinião.
"As consequências podem ser graves", afirma Thranholm, "ao ser etiquetada de propagandista pró-russa num país no qual o governo alerta constantemente que a Rússia está prestes a atacar, tal significa que eventualmente quaisquer comentários positivos acerca da Rússia sejam vistos como um acto de traição anti-patriótica (...) se o conflito com a Rússia subir de tom, o Estado terá todo o direito de me aprisionar como inimiga do Estado."
De acordo com uma peça publicada no "Sputnik" a 26 de Janeiro do corrente ano, o ESC conta com "cerca de 10 investigadores que cooperam com uma rede que inclui 400 funcionários: especialistas, jornalistas, funcionários do Estado, associações científicas e centros de análise em mais de 30 países". A 27 de Janeiro, o portal "Terra Brasil" citava que de "acordo com a porta-voz de Relações Exteriores e Política de Segurança da UE, a equipe da força-tarefa East StratCom vai ser ampliada em 2017, quando duas importantes eleições transcorrem na França e na Alemanha."
Isto, caros leitores, no século XXI em plena democracia. Como referimos, na Internet pode visitar a página oficial do East StratCom, actualizada todas as quinta-feiras com as listagens mais recentes, assinar o seu boletim por e-mail e ainda, louvados sejam, colaborar por via de um endereço electrónico que disponibilizam, extrapolamos que sirva para que os cidadãos europeus enviem voluntariamente artigos, notícias e excertos televisivos que considerem como suspeitos de simpatias para com a Rússia: https://euvsdisinfo.eu