A proposta de resolução, na qual se acusava o Governo sírio de utilizar armas químicas e que visava impor sanções ao país árabe, proibindo-o de adquirir helicópteros e colocando numa «lista negra» 11 militares e dez membros do governo por alegada ligação a ataques com gases tóxicos, foi promovida pelos outros três países com assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU): França, Reino Unido e Estados Unidos da América.
Na sessão desta terça-feira, em Nova Iorque, a proposta contou com o apoio de Itália, Japão, Senegal, Suécia, Ucrânia e Uruguai. Por seu lado, Cazaquistão, Egipto e Etiópia abstiveram-se, enquanto a Bolívia se juntou à Federação Russa e à China no chumbo. É a sétima e a sexta vez, respectivamente, que estes dois últimos países, com direito de veto no CSNU pela sua qualidade de membros permanentes, bloqueiam resoluções contra a Síria.
«Factos provados e não hipóteses»
Responsáveis governamentais sírios qualificaram a proposta de resolução como uma desculpa do Ocidente para prosseguir com uma agenda que visa derrubar o presidente legítimo do país, Bashar al-Assad. Para além disso, o Governo sírio tem negado repetidamente o recurso a armamento proibido e acusado a Arábia Saudita, o Catar e a Turquia de fornecerem armas químicas a grupos terroristas.
Ontem, após a votação, o representante russo no CSNU, Vladimir Safronkov, também se referiu à agenda que a «troika ocidental» procura impor, recorrendo para tal à «questão das armas químicas» e minando, dessa forma, «as acções diplomáticas e políticas em curso para pôr cobro ao conflito», informa a Prensa Latina.
Para Safronkov, «os promotores deste projecto de resolução apenas procuram criar uma base adicional para a mudança de regime, e, com os seus objectivos geopolíticos, criam obstáculos aos esforços de paz».
Os dados resultantes da investigação conjunta das Nações Unidas e da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) são, no entender do diplomata russo, inconclusivos, parciais e uma provocação. «Precisamos de factos provados e não de hipóteses», disse, lembrando que Moscovo já tinha posto em causa a objectividade do processo, acusando os países ocidentais de pressionarem os investigadores, indica a agência SANA.