As declarações de Rex Tillerson aos jornalistas na quarta-feira, anunciando que a Casa Branca está a conduzir uma revisão abrangente da sua política para o Irão, e acusando Teerão de estar a criar “provocações alarmantes” para desestabilizar países no Médio Oriente, provocaram uma resposta imediata, suscitaram a resposta imediata do seu homólogo iraniano, relata o jornal Guardian.
Mohammad-Javad Zarif, chefe da diplomacia de Teerão, afirmou no Twitter que “as acusações gastas dos EUA não conseguem disfarçar o seu reconhecimento do cumprimento do acordo por parte do Irão, obrigando os EUA a mudar de rumo e cumprir os seus compromissos”. Horas depois, Zarif emitiu uma declaração acusando os EUA de tentarem desviar as atenções das suas violações dos direitos humanos, com a tentativa de proibir a entrada de cidadãos de países de maioria muçulmana ou o apoio a Israel, que detém um arsenal nuclear “ilegal”.
As acusações de Tillerson surgiram um dia depois de ter enviado uma carta ao líder da Câmara dos Representantes, o republicano Paul Ryan, confirmando que o Irão estava a cumprir a sua parte do acordo nuclear assinado com a administração Obama, em que Teerão aceitou a redução e monitorização do seu programa nuclear em troca do levantamento de sanções. A administração Trump sempre acusou o anterior inquilino da Casa Branca de ter feito um mau acordo e o Irão está na mira de Trump desde a campanha eleitoral.
No meio de um período de grande tensão com a Coreia do Norte, Tillerson afirma agora que “um Irão sem controlo tem o potencial de seguir as pisadas da Coreia do Norte” e que o atual acordo “apenas adia o seu objetivo de se tornar uma potência nuclear”.
Estas declarações mereceram o protesto do National Iranian American Council, insurgindo-se contra a comparação feita por Tillerson entre o Irão e a Coreia do Norte horas depois de reconhecer que o acordo está a ser cumprido por Teerão. “Estas posições políticas ambivalentes tornaram-se a marca desta administração”, acusa o Conselho, interpretando as palavras de Tillerson como um sinal de afastamento em relação aos aliados que participaram no acordo - a Alemanha, França e Reino Unido - e da sua “intenção de rasgar o acordo e recolocar os Estados Unidos no caminho da guerra”.