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Diário Liberdade
Quarta, 10 Mai 2017 14:33 Última modificação em Sexta, 12 Mai 2017 20:38

Há cinco anos, Putin tenta ressuscitar nacionalismo russo, rompendo parcialmente com a chamada "Era Yeltsin"

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País: Rússia / Institucional / Fonte: LBI-QI

Na segunda-feira, 07 de maio de 2012, tomava posse pela terceira vez como presidente da Rússia Vladimir Putin. Dimitri Medvedev agora assumiria o cargo de primeiro-ministro, um “troca-troca” seguro em que a burguesia restauracionista russa tem o objetivo de tentar ressuscitar o antigo nacionalismo russo, através de seu “homem forte” do governo central e do parlamento fantoche.

Putin assumiu pregando uma maior delimitação com o imperialismo ianque e defendendo um acordo sobre o chamado “escudo antimísseis” da OTAN. No momento de sua posse houveram manifestações contra a fraude eleitoral que deu a vitória ao partido Rússia Unida, porém os protestos foram protagonizados por setores ligados à oposição de direita patrocinada por Washington, que deseja quebrar o ciclo contínuo de poder da camarilha burguesa "Putiniana" em favor de um setor político totalmente entreguista e inofensivo ao imperialismo.

A "virada" da herança de completa subserviência a Casa Branca, marca registrada da era Yeltsin, foi produto de um certo fortalecimento da economia capitalista russa que na década passada assistiu o vertiginoso crescimento de sua indústria de gás e petróleo, tornando- se praticamente a única fornecedora de energia fóssil para toda a Europa. Com o "cofre cheio" a nova burguesia russa se viu ameaçada com o apetite voraz do Pentágono que em pouco tempo liquidou o regime nacionalista líbio, comandado historicamente pelo coronel Kadafi. Diante da covarde agressão da OTAN a um país soberano como a Líbia, Putin não moveu um único dedo em apoio a Kadafi, mas ficou em "estado de alerta" porque sabia que o próximo passo de Washington seria em direção a Ucrânia. Este cenário de ofensiva imperialista fez ressurgir na Rússia uma geopolítica nacionalista e que hoje funciona como uma barreira de contenção militar aos planos expansionistas da OTAN em toda Ásia e Europa.

O apoio que Moscou presta hoje ao regime de Assad na Síria é uma espécie de "mea culpa" pelo desastre ocorrido na Síria, mas também um movimento de preservação do que ainda restou da área de influência militar russa no mundo. O neo-nacionalismo russo sob a direção de Putin não tem nada a ver com uma suposta configuração imperialista do maior país europeu, tem sim um caráter burguês mas está muito longe de uma expansão capitalista para colonizar outras nações, como ocorreu com os EUA e mais remotamente com a Inglaterra ou Alemanha.

A Rússia não exporta capitais financeiros para outros países e tampouco possui grandes empresas transnacionais, além do seu gigantesco complexo de gás e petróleo, porém detém uma poderosa indústria bélica, uma antiga herança soviética, que pode fazer "concorrência" ao Pentágono e seus servis aliados. Somente os ignorantes na teoria Marxista Leninista (revisionistas)caracterizam a Rússia restaurada como um país imperialista, para justificar repetidos apoios prestados as agressões da OTAN contra povos e regimes de países semicoloniais. Estrategicamente o imperialismo ianque deseja se livrar do staff de ex-burocratas restauracionistas que ajudaram a Casa Branca a liquidar as bases sociais do Estado operário soviético na década de 90 e colocar no comando da Rússia figuras de sua inteira confiança, que sequer se movimentem "defensivamente" como Putin. Mas esse objetivo somente pode começar a ser alcançado de fato quando a Casa Branca eliminar o regime iraniano e voltar suas baterias de forma mais concentrada para Rússia e China. No meio do caminho desse plano neocolonialista está a Síria... Nesse sentido, o apoio do imperialismo europeu as manifestações internas contra Putin está voltado a pressionar seu governo diante da investida da Casa Branca contra o Irã e a Síria.

Trump deseja que a Rússia recue em seu apoio militar a esses dois países, medida fundamental para que o imperialismo possa impor seus interesses na região e avançar rumo a Ásia. A Rússia tem uma importante base militar na Síria, porta-aviões estacionados na costa do país além de ser parceira estratégica do programa nuclear iraniano. Somados estes elementos a Rússia se opõe parcialmente à criação do sistema de defesa antimíssil para Europa controlado pela OTAN, voltado justamente para neutralizar qualquer reação militar de Moscou a uma possível agressão imperialista de Washington. A Casa Branca e seu novo ocupante Trump, apesar da amizade pessoal com Putin, pretende fazer da Rússia um apêndice militar do Pentágono, já que do ponto de vista político desde a era Yeltsin o Kremlin vinha seguindo a Casa Branca em seus passos de rapinas imperiais no planeta.

Não nutrimos a menor simpatia política pelos bandos burgueses restauracionistas que se instalaram no poder na Rússia desde a contra-revolução de agosto de 1991. Ao contrário, nos postamos ao lado da ala da burocracia stalinista (Bando dos 8) que tentou barrar a seu modo torpe esse processo então comandado por Boris Yeltsin e depois levado adiante por Putin. Porém não apoiamos qualquer “movimento popular" de fachada democrática patrocinado pelo Departamento de Estado ianque que tenha como objetivo preparar as condições para defenestrar Putin pelas mãos de uma ofensiva imperialista para impor um nome alinhado com a Casa Branca.

Passados cem anos da revolução Bolchevique a classe operária russa deve superar o setor burguês nacionalista agrupado em torno da dupla Putin-Medvedev (e também os fantoches "democráticos" do imperialismo) preparando uma outra revolução social que faça da construção de uma nova Rússia soviética uma realidade política concreta, erguendo um Estado operário e uma economia planificada capaz de enfrentar a máquina que guerra do imperialismo ianque em unidade com as ações de massas do proletariado mundial.

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