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Diário Liberdade
Domingo, 04 Junho 2017 14:31 Última modificação em Quinta, 08 Junho 2017 16:45

Uma guerra curta e vitoriosa: Trump quer resolver seus problemas com uma agressão à Coreia

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País: Coreia do Norte / Direitos nacionais e imperialismo / Fonte: Resistir

[Andrei Akulov] Ao juntar bocados de informação vindos de várias fontes chega-se à conclusão de que um ataque antecipativo (pre-emptive) dos EUA contra a Coreia do Norte é uma possibilidade que se pode tornar realidade muito em breve.

Toda a gente sabe isso está repleto de implicações e ninguém as quer, mas há uma boa razão para acreditar que está prestes a acontecer.

O líder norte-coreano Kim Jong Un supervisionou o teste de um novo sistema de armas anti-aéreas e ordenou a sua produção em massa e a respectiva instalação por todo o país. Isto verificou-se depois de Pyongyang ter efectuado um segundo teste de míssil , há cerca de uma semana, enviando dia 21 de Maio um míssil balístico de alcance médio para as águas da costa Leste. Se está planeado um ataque para deitar abaixo o programa nuclear e de mísseis balísticos, seria melhor se fosse efectuado antes de os sistemas de defesa aérea estarem instalados.

O programa de mísseis da Coreia do Norte está a progredir mais rapidamente do que se esperava, disse em 16 de Maio o ministro da Defesa Coreia do Sul, depois de o Conselho de Segurança da ONU ter condenado o lançamento de um míssil de longo alcance e exigido a Pyongyang a interrupção dos testes de armas. A Coreia do Norte desafiou todos os apelos para deter seus programas nuclear e de mísseis, incluindo os da Rússia e da China. A liderança do país declara abertamente que trabalha para desenvolver um míssil com ogiva nuclear capaz de atingir o território continental dos EUA e os testes recentes são passos rumo a esse objectivo. A Coreia do Norte efectuou cinco testes nucleares até agora, incluindo os dois do ano passado.

Durante a cimeira EUA-China em Mar-a-Lago, na Florida, no princípio de Abril, o presidente chinês Xi Jinping pediu ao presidente Donald Trump um período de graça de 100 dias para tratar das provocações militares da Coreia do Norte. O lançamento de 21 de Maio põe em dúvida a eficácia das medidas tomadas. O período de 100 dias acabaria no momento da cimeira do G20, em 7-8 de Julho na Alemanha, efectuada tendo a Coreia do Norte como ponto alto na agenda. Os líderes dos EUA e da China considerarão esta questão candente à margem do evento.

Enquanto isso, um terceiro porta-aviões estado-unidense, o USS Nimitz, será deslocado por Washington para lado ocidental do Oceano Pacífico a fim de juntar-se aos dois porta-aviões estacionados próximos das costas da Península Coreana em vista da crise. O USS Nimitz juntar-se-á ao USS Carl Vinson e ao USS Ronald Reagan naquela área. Três dos grupos de porta-aviões, do total de onze, são uma enorme força que só é deslocada para uma operação em grande escala que está próxima.

Os EUA está a efectuar um outro teste do seu sistema balístico de intercepção de mísseis (Ground-Based Midcourse Defense, GMD) destinado a deitar abaixo um míssil balístico intercontinental (ICBM) simulando um ICBM norte-coreano apontado aos EUA. Os militares têm utilizado o sistema GMD para interceptar outros tipos de mísseis, mas nunca um ICBM.

Finalmente, foi revelado recentemente que os militares estado-unidenses moveram dois submarinos nucleares rumo à Coreia do Norte. O presidente Trump estava provavelmente a referir-se a um míssil guiado submarino (guided missile submarine, SSGN) da classe Ohio, o USS Michigan, o qual fez uma visita oficial ao porto de Busan, na Coreia do Sul, em 25 de Abril, e ao submarino de ataque (SSN) da classe Los Angeles USS Cheyenne, o qual em 2 de Maio visitou Sasebo, no Japão, no âmbito do seu posicionamento regional. A US Navy tem em média posicionados no mundo, em qualquer dia do ano, até dez submarinos de ataque das classes Los Angeles, Seawolf ou Virginia.

Trump tem dito que "um grande, grande conflito" com a Coreia do Norte é possível por causa dos seus programas nuclear e de mísseis e que todas as opções estão em cima da mesa . Em 19 de Maio, o secretário da Defesa dos EUA, Jim Mattis, exprimiu uma posição cautelosa quanto à acção militar imediata contra a Coreia do Norte.

O presidente dos EUA está sob assalto de todos os lados. A possibilidade do seu impeachment é discutida abertamente nos media e no Congresso. Segundo [a publicação] Politico, conservadores começam a murmurar: presidente Pence.

Donald Trump sabe que acções militares são uma ferramenta eficaz para aumentar classificações [de popularidade]. O presidente viu uma alta nos números dos inquéritos após o ataque com mísseis de cruzeiro na Síria que ele ordenou em 7 de Abril. Sua taxa de aprovação saltou de 34 para 42 por cento. Ela subiu ainda mais , de 42 para 50 por cento, depois de a "Mãe de todas as bombas" ter sido utilizada em 13 de Abril contra posições do Estado Islâmico no Afeganistão. O apoio público deslizou dramaticamente para baixo , para 38 por cento, desde então. O presidente está num aperto. Algo precisa ser feito de imediato para rectificar a situação.

A tendência é inquietante e o melhor caminho consagrado para reverter isto é uma guerra curta e vitoriosa. Na verdade, é um grande risco. Mas acontece que bombardear alguém como meio de obter popularidade pode ser uma tentação impossível de resistir. Um sexto teste nuclear norte-coreano ou um disparo de teste de um míssil balístico intercontinental pode estimular a acção mesmo antes de o "período de graça" dos 100 dias ter acabado. As forças estão ali e prontas para a acção. Elas não podem ser mantidas em alta prontidão de alerta por demasiado tempo. Enquanto a atenção do mundo está presa na Síria, um conflito de grande escala com terríveis consequências pode desencadear-se a qualquer momento e a probabilidade é muito alta.

29/Maio/2017

[*] Coronel, na reforma, perito russo em questões de segurança internacional.

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