Após meio século de ocupação israelense, 4,8 milhões de palestinos estão cada vez mais vulneráveis devido à violação do direito humanitário internacional e dos direitos humanos, afirmou o Ocha (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários) nesta segunda-feira (13/06).
Em seu relatório "Vidas fragmentadas", a agência diz que a ocupação israelense de territórios palestinos é o fator que mais contribui para as necessidades humanitárias dos palestinos que vivem nesses locais. Segundo o Ocha, das 4,8 milhões de pessoas em situação mais vulnerável, 2,3 milhões precisam de assistência humanitária, incluindo 1,3 milhão em Gaza.
"Os atores humanitários enfrentam cada vez mais dificuldades para oferecer ajuda aos palestinos nos territórios ocupados", disse à agência Efe o chefe da Ocha na região, David Cardem. De acordo com ele, as autoridades israelenses "bloqueiam ou anulam a assistência humanitária na Área C" e "obstaculizam o acesso a Gaza pelas permissões requeridas".
O número de palestinos mortos pelas forças israelenses na Cisjordânia ocupada foi de 147 e o de feridos 14.053, o mais alto registrado pela agência desde 2005, quando a Ocha começou a recopilar os dados. Além disso, houve 25 baixas e 304 feridos israelenses na Cisjordânia.
Com relação à situação em Gaza, o relatório indica o deslocamento de 90 mil palestinos depois da ofensiva em 2014, que continuavam deslocados na segunda metade de 2015.
O bloqueio que Israel mantém no enclave, o fechamento quase contínuo do cruzamento da cidade de Rafah para o Egito e as divisões internas palestinas agravam a situação de Gaza, acrescenta o relatório.
Já na Cisjordânia, os ataques de colonos israelenses contra palestinos diminuiu em 2015, enquanto o número de árvores de propriedade palestina danificadas, roubadas ou arrancadas por colonos foi o mais alto desde 2006, chegando a 11.254.
O relatório aponta também que o número de presos palestinos em prisões israelenses (mais de seis mil) é o maior desde 2010 e o de crianças detidas (422) o mais elevado desde 2008.
O número de estruturas demolidas reduziu em 2015, mas aumentou drasticamente nos primeiros quatro meses de 2016. De janeiro a abril deste ano, as forças israelenses derrubaram 598 estruturas em comparação com as 548 demolidas durante todo o ano de 2015.
De acordo com a pesquisa, o deslocamento continua sendo uma preocupação na Cisjordânia. Nos primeiros quatro meses de 2016, 858 pessoas foram deslocadas em comparação com 787 do ano passado.
"Necessitamos de uma mudança fundamental na estratégia para os territórios palestinos ocupados, sobretudo um maior respeito ao direito internacional e esforços concretos para a prestação de contas daqueles que os violam", declarou Cardem.