Antes da votação, chamada para repudiar a medida norte-americana, a representante dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, fez circular um comunicado avisando aos outros países que Washington estaria “de olho” em cada posicionamento contrariando sua vontade.
“[...] O Presidente estará assistindo a essa votação cuidadosamente e pediu que eu lhe informe sobre os países que votaram contrá nós. Vamos tomar nota de cada um dos votos [...]”, rezava o documento da embaixadora estadunidense na ONU.
No mesmo dia, o Ministério de Relações Exteriores de Botsuana divulgou uma mensagem repudiando o que chamou de “comunicado ameaçador e grosseiramente inapropriado” com o propósito de "minar a soberania de Botsuana como um país independente”.
Diz o documento que, “consequentemente, Botsuana não vai se intimidar por tais ameaças e vai exercer seu direito e voto soberanos beseados nos princípios de sua política externa” que afirma que o status final de Jerusalém (reivindicada pela Palestina como sua capital, al-Quds) é uma questão fundamental que deve ser resolvida em negociações no âmbito das Nações Unidas.
O país ainda encorajou todos os membros da ONU a apoiarem a resolução “apesar das consequências” (as retaliações estadunidenses).
De fato, Botsuana foi um dos 128 países que votaram a favor da resolução condenando a atitude dos EUA, contra nove objeções e 35 abstenções.
Após a votação, Nikki Haley fez novas ameaças aos países aliados dos EUA que votaram contra a decisão unilateral de Washington, prometendo respostas econômicas.
A retalição se concretizou três dias depois. No domingo (24), a representante norte-americana anunciou um corte de U$ 285 milhões em suas contribuições para o orçamento anual das Nações Unidas, devido à “ineficiência e gasto excessivo” da entidade. “Não deixaremos mais que [a ONU] se aproveite da generosidade do povo estadunidense”, disse ela em comunicado.