O imperialismo – a fase superior do capitalismo, como definiu Lênin – produziu as maiores mortandades da história. Assim foram com a Comuna de Paris, a primeira e a segunda guerras mundiais, as bombas atômicas no Japão, os bombardeios na Coreia do Norte e no Vietnã, os massacres na África, a criação de Israel no meio da Palestina, a Arábia Saudita, as ditaduras na América do Sul e Central, na África, a ‘Primavera Árabe’, entre tantas outras.
Os golpes políticos e as interferências nos processos eleitorais de um número sem conta de países superam qualquer teoria da conspiração – expressão criada pela CIA para descaracterizar as denúncias sobre sua nefasta ingerência. Na América, na África, na Ásia, na Europa e na Oceania, ou seja, nos cinco continentes, a mão do imperialismo se fez e se faz presente, sempre em detrimento dos povos e da democracia.
As consequências são dramáticas: cerca de um bilhão de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza – isso pelo estúpido conceito da ONU, que estabelece apenas cinco dólares por dia (cerca de R$ 16,50, menos de R$ 500,00 mensais) como suficientes para estar fora da pobreza. São centenas de milhões de crianças passando fome, outros tantos de desabrigados, ainda outros na mais extrema miséria, inclusive nos EUA, principal país imperialista.
O capital cumpriu seu papel na primeira e na segunda revolução industrial no desenvolvimento da produção e superação do sistema feudal. Há mais de um século, entretanto, está totalmente superado, representando um entrave ao desenvolvimento da humanidade. Sua contradição intrínseca de baixos salários e manutenção de um exército de mão de obra de reserva (o desemprego) em contradição com sua necessidade crescente de lucro já deu o que tinha que dar. Não há mais espaço para tal ambiguidade, que cria uma desigualdade socioeconômica sem par e coloca em risco a própria sobrevivência da humanidade e do planeta como o conhecemos.
A crise atual que aflige a maior parte dos países em nível mundial decorre da falência desse sistema, manipulado por algumas famílias/corporações que sobrepõem o lucro e o poder decorrente a todo e qualquer parâmetro humanitário.
Até mesmo o desenvolvimento tecnológico está limitado pela sanha da maximização do lucro. Os avanços na medicina, no equacionamento da escassez de água, no saneamento básico, na produção e distribuição de alimentos, na geração de energia e tantos outros temas essências para a vida são pífios. A prioridade do capital é o desenvolvimento de novas tecnologias que lhe assegurem lucros crescentes, a maximização da mais valia, a produção de armamentos, comunicações de massa (para iludir os povos e sustentar seu poder), exploração predatória do meio ambiente etc.
Nunca a humanidade esteve tão ameaçada. A possibilidade de guerra na disputa interimperialista é real e cresce a cada dia. Nem no auge da guerra fria EUA e Rússia detiveram tantas armas nucleares quanto agora, além de outros países, como a China, o Paquistão, a Grã-bretanha, a França, a Coréia do Norte, Israel. Setores do imperialismo estadunidense, maioria no círculo de poder em torno da Casa Branca, clamam pela guerra diante da decadência de seu país, tanto política quanto econômica e social. Os recentes bombardeios na Síria são clara demonstração disso.
Ao mesmo tempo, o meio ambiente segue sendo sistematicamente agredido, seja através do uso de combustíveis fósseis não renováveis, da poluição industrial e do agronegócio, da proliferação dos agrotóxicos, do aquecimento global, do aprisionamento e contaminação das águas, do desmatamento desenfreado. A natureza chora, mas o capital segue em sua sanha destrutiva.
A revolucionária Rosa Luxemburgo anteviu a contradição que vivemos há algum tempo: “socialismo ou barbárie”. Infelizmente, estamos vivendo a barbárie, mas com um novo paradigma, um sério agravante: socialismo ou o fim da vida. Nem a humanidade nem o meio ambiente suportam por muito tempo um pútrido sistema moribundo que teima em sobreviver mesmo estando superado.
A reação dos povos em nível mundial contra esse status quo vem crescendo, porém, ainda é insuficiente para tomar seu lugar na história e ganhar o protagonismo. É o desafio que enfrentamos sob pena de extinção.
*Jornalista e militante do PCB