Esta decisão foi adoptada por uma votação no X Congresso do PCB efectuado a 30 de Junho último em Bruxelas. Abaixo o comunicado que explica os motivos desta decisão.
O Congresso [do Partido Comunista da Bélgica] decidiu por uma maioria de 83%, com voto secreto, retirar-se do Partido da Esquerda Europeia (PEE).
No plano político, vários motivos levaram a esta decisão de saída do PEE, dentre os quais:
A hostilidade estatutária do PEE em relação ao socialismo real, quando o derrube deste último constitui a base da mundialização capitalista e da destruição de uma correlação de forças favorável aos trabalhadores do mundo inteiro;
O carácter unânime das decisões do PEE que congela e esteriliza o debate transformando-o num clube de discussão elitista e tecnocrático;
A não tomada em consideração da nossa intervenção em Julho de 2014 sobre a crise ucraniana, a qual denunciava um verdadeiro golpe de estado com conotação fascista;
O facto de que em 2011, por ocasião do 90º aniversário do nosso partido, "a intervenção do PEE" limitou-se a efectuar um colóquio em Bruxelas em que a direcção do nosso partido não foi oficialmente convidada e em que a sua história não foi sequer evocada;
A atitude inadmissível dos dirigentes do PEE face à NATO que nos coloca em desacordo com nossa exigência de saída da NATO previamente à sua dissolução.
Passa-se o mesmo com a atitude do Syriza e do seu dirigente Tsipras na crise grega, atitude que contribuiu para desacreditar a esquerda radical com excepção dos partidos comunistas não membros do PEE;
Um montante de 30 mil euros de despesas de afiliação que não deu nenhum retorno desse investimento;
A ausência de ligações privilegiadas entre partidos membros sobre questões comuns, portanto o próprio fundamento do PEE. Dentre outras, o encerramento da Caterpillar, em que nosso partido foi ignorado e outros partidos privilegiados quando fomos os primeiros a defender a requisição dos equipamentos!
Consideramos que o PEE está para a política assim como a CES [Confederação Europeia dos Sindicatos] está para o sindicalismo, ou seja, organizações criadas e submetidas à União Europeia, a qual desde a sua fundação é uma organização capitalista que é impossível reformar a partir de entro. "A Europa social" que seria o resultado de reformas progressistas é uma ilusão para os trabalhadores.
Recordamos que a adesão do nosso partido ao PEE foi imposta em 2005 por uma minoria dos seus membros que se exerceu em detrimento de um debate democrático [que seria] no mínimo constituída por uma decisão de Congresso.
A maioria dos membros do partido constatou que esta minoria favorável ao PEE não cessou de arrastar nosso movimento no reformismo em detrimento da sua essência revolucionária.
A recente visita do representante do Die Linke (de que Gregor Gysi, presidente do PEE, é membro), Dietmar Bartsh, a uma das colónias israelenses próximas da faixa de Gaza, onde ele plantou árvores no quadro da cooperação com a organização sionista "Keren Kayemet" (fundo nacional judeu), conhecida pela sua grande responsabilidade na política de limpeza étnica contra os palestinos, reforça a nossa decisão.