A China e América Latina fizeram todos os deveres acerca de suas relações comerciais e estão prontos para avançar rumo a novos laços econômicos que produzam benefícios mútuos.
Durantes os últimos anos o comércio bilateral atingiu estimados próximos aos US$ 200 milhões e a Academia China das Ciências Sociais, um dos principais centros de pensamentos do país, advogou em um informe por avançar ainda mais nos vínculos com a região.
De acordo com os dados da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal), o gigante asiático é o primeiro mercado de destino das exportações do Brasil e o Chile, e o segundo de Peru, Cuba e Costa Rica. Além do mais, é o terceiro país entre as principais origens das importações da região.
Perante estas novas perspectivas ambas as partes coincidem em dinamizar ainda mais essa sociedade e, nesse sentido, se impõe um incremento da troca, mas, sobretudo a diversificação do pacote de investimentos.
Esta nova iniciativa asiática chega a momentos em que muitos dos países que integram esta região, dependentes durante anos da exportação de matérias primas, se esforçam por transformar sua estrutura econômica, conseguir maior capacidade industrial e dar-lhes valor acrescentado a suas exportações.
Entretanto, pela parte chinesa, o Ministério de Comércio meses atrás anunciou sua intenção de atingir uma troca mais substancial com América Latina e o Caribe e projetar a cooperação em setores como a indústria, infraestrutura, cooperação econômica técnica, apoio financeiro e capacitação profissional.
Este novo objetivo, de acordo com as autoridades de ambas as partes, procura projetar uma nova associação estratégica e reestruturar os vínculos comerciais já que, em décadas passadas, os investimentos de capitais chineses no continente latino-americano estiveram voltados na obtenção das matérias primas necessárias para produzir todos os bens que se vendem no mundo.
Dados aportados por The American Enterprise Institute and Heritage Foundation, mais de 80% do investimento da China na América Latina esteve voltado em petróleo e jazidas, sendo Brasil o principal receptor de capitais do gigante asiático, acompanhado da Venezuela, Argentina e Peru.
Também para assegurar sua manufatura e impulsionar seu desenvolvimento, por anos, as principais importações procedentes da América Latina estiveram regidas pelo petróleo venezuelano, bem como o cobre de Peru e Chile e a soja do Brasil e Argentina.
Em uma entrevista publicada por Xinhua, o pesquisador adjunto do Instituto da América Latina da Academia das Ciências Sociais da China, Guo Cunhai considera que este interesse comum por diversificar e oxigenar o comércio bilateral responde à nova “normalidade” que vivem os laços chineses e latino-americanos, após um período dourado de desenvolvimento baseado na demanda recíproca e grande complementaridade econômica.
Segundo o especialista chinês em assuntos latino-americanos, ambas as partes se “encaminham para uma etapa relativamente moderada e estável depois de mais de dez anos de desenvolvimento vertiginoso”.
Para assegurar a rápida execução destas novas iniciativas, o gigante asiático pôs em andamento o Banco Chinês para o Desenvolvimento (China Development Bank) e o Banco de exportação e Importação (Eximbank) da China, mecanismos que faz possível o financiamento de seus projetos de investimento.
A China demonstrou estar comprometida com o progresso dos países em vias de desenvolvimento e realizou iniciativas como o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII) e a nova Rota da Seda que, sobretudo projetam criar um novo controle asiático. Mas isso não acaba aí, pois devido a seu nível de influência global também concede importância à Cooperação Sul-Sul.
Durante o primeiro Fórum Intergovernamental realizado entre a China e a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), se reconheceu a vontade de cooperar. O gigante asiático em seu desempenho de segunda potência mundial comprometeu-se elevar, em ambos sentidos, até US$ 500 milhões e realizar os investimentos pelo menos até os US$ 250 milhões durante os próximos cinco anos.
Essa nova onda de capitais chineses que pode desembarcar na América Latina caso realizar-se a tentativa de investir além das matérias primas, também restaria destaque à influência dos Estados Unidos em um território onde tem uma longa história de ocupações e intervenções.
Os países da América Latina e o Caribe estão cada vez mais conscientes de que o sucesso que possa atingir esta aliança ou qualquer outra só será possível caso se conseguir a eliminação de raiz às distorções geradas por séculos de colonialismo, dependência externa e economias de monoprodutoras.