Guillaume, militante do NPA e membro do comitê de redação do Révolution Permanente, deu uma coletiva no gabinete de seu advogado para explicar os fatos à imprensa, especialmente depois da comoção expressada por seus companheiros, causada pelo post, censurado pelo Facebook, que relata a agressão. Uma reação em cadeia que tem se expandido amplamente nos meios de comunicação e na redes sociais, sendo uma expressão da indignação causada pelo seu testemunho.
“O que aconteceu é normal. Se inscreve em um contexto nacional”. Ao vivo no Twitter, diante dos jornalistas do France Info, France Inter, Europe 1, Buzzfeed, Libération, Le Monde, Médiapart, Konbini, Tétu, e também do Colectivo Quoi ma Geule e do Révolution Permanente, Guillaume reafirmou o que já havia relatado em seu testemunho de quinta-feira passada, desde os contatos físicos da polícia até as ameaças de morte e de violação ou a descarga elétrica com taser da qual foi vítima.
Na sala lotada, numerosas personalidades e dezenas de companheiros demonstraram seu apoio a Guillaume, especialmente sua orientadora Joanna Siméant, diretora de estudos em Ciências Políticas na universidade Paris 1, que entre outros, afirmou estar assombrada com o fato da polícia dizer que “vão vim à Sorbona matar você e teus companheiros”. Também esteve presente Alain Krivine, membro da direção do NPA, que ressaltou o assédio policial que sofre a população de Saint-Denis, bairro popular da periferia de Paris. Como afirmou em várias ocasiões, Guillaume não quer somente denunciar seu caso, mas também os casos de “todas as pessoas que têm sofrido violência neste contexto”, ou pior ainda, o caso do assassinato policial de Adama Traoré este verão.
Intimidação, empurrões e, para acabar, agressão sexual, é o plano que levou a cabo a polícia para impedir Guillaume de gravar uma cena de controle extremamente violenta. “Sacar o telefone foi um gesto militante”, afirma Guillaume, para quem este simples feito desencadeou uma agressão. “Me acusaram de ser aliado do Daesh. As ameaças de violação eram acompanhadas de abusos. Os insultos homofóbicos eram parte de um desejo de dominação por parte dos policiais”. Uma situação que seu advogado, Slim Ben Achour, descreve como “um escândalo desde o ponto de vista dos direitos democráticos”.
Para Guillaume, sua agressão é “o resultado das leis e medidas destes últimos meses”, que criam uma sensação de impunidade a favor da polícia. Isto presenciamos especialmente durante as mobilizações contra a Reforma Trabalhista. Mas, para Guilaume “não podemos considerar normal o que lhe passou”, e, sobretudo, não podemos “nos acostumar com isto”.
Guillaume faz uma chamada à testemunhos de testemunhas
Como informou o advogado de Guillaume, vão emitir uma denúncia ao tribunal de Bobigny. O dossiê é denso: violência, ameaças de morte, ameaça de violação, abuso físico e abuso de autoridade. Como afirmado por Slim Ben Achour: “não se trata de um caso isolado, mas de um sistema”. Também denunciou o empenho da polícia de “destruir as provas”. Um ato político que evidencia a arbitrariedade da polícia em tempo de ’Estado de emergência’, que remarca a necessidade de denunciar as violências cotidianas deste sistema, mas também de chamar à formação de uma grande frente em defesa dos direitos democráticos.
REPERCUSSÕES NOS MEIOS FRANCESES DA COLETIVA DE IMPRENSA:
Periódico Liberation:
«Je vais te violer et on va voir si après tu filmeras la police»
Le Huffington Post:
Le témoignage édifiant d’un enseignant à la Sorbonne ayant subi des violences policières
Le Figaro.fr
Un prof dit avoir été «agressé» par la police
Le Nouvel Observateur:
Guillaume Vadot, un enseignant de la Sorbonne dit avoir été "agressé" par des policiers après avoir filmé une "interpellation"
Ouest-FRance:
Des policiers l’auraient "tasé" pour l’empêcher de filmer une arrestation