Com os candidatos dos partidos Democrata e Republicano entrando na reta final para as eleições nacionais, os cidadãos norte-americanos mostram-se cada vez mais frustrados com o que viram na campanha eleitoral.
WikiLeaks prometeu recentemente revelações "significativas" para as próximas semanas, sobre as eleições nos EUA, as guerras, o comércio de armas e petróleo. Todos entendem que essas revelações acrescentarão mais fogo ao já caótico show político em andamento.
Há escândalos que maculam os dois principais candidatos às eleições de 2016, o que faz aumentar ainda mais a insatisfação entre os cidadãos norte-americanos. Segundo recente pesquisa Gallup, 60% dos eleitores registrados veem Donald Trump como o pior candidato a concorrer à presidência em 25 anos; Hillary Clinton é o segundo nome, na mesma lista.
Acusações de sonegar impostos contra Trump, e preocupações com a saúde de Clinton, além do uso que ela fez de servidor privado de e-mails para enviar e receber material de interesse da segurança nacional dos EUA, tudo isso contribui para o atual estado de coisas nessas eleições. No primeiro debate presidencial, os dois candidatos focaram-se muito mais em ataques pessoais que em discutir políticas e projetos. Em editorial, The Times comentou em editorial que os candidatos parecem não se incomodar com a cratera crescente que separa o sonho norte-americano e a realidade social.
Pesquisa recente mostrou que eleitores veem agora o governo e o Congresso como seus principais problemas, que exigem atenção imediata da sociedade norte-americana. Essas preocupações veem à tona a partir de informações sobre a economia, o desemprego e os fluxos de imigração. Claro, não significa que os eleitores não deem atenção a questões sociais e econômicas, mas mostra, sim, que as maiores e sempre crescentes preocupações dos cidadãos norte-americanos estão associadas ao sistema político sob o qual vivem.
Apesar dos protestos contra políticos orientados pelos movimentos do dinheiro e dos escândalos eleitorais, Trump ainda tem previstos novos anúncios de campanha no valor de $140 milhões. Com custos estimados de $5 bilhões, a maior parte dos quais são pagos por grupos especiais de interesse, as eleições de 2016 parecem já ser as mais caras de toda a história.
As pessoas veem com muita clareza os frutos amargos da política orientada por interesses financeiros, e o/a novo/nova presidente/presidenta dos EUA dificilmente terá meios ou disposição política para pôr fim ao confronto político violento, sequer para reduzir o descontentamento em relação ao governo. Como disse o economista britânico Martin Wolf, a desigualdade sempre crescente e a produtividade sempre em queda tornaram intolerante a democracia, e ilegítimo, o capitalismo.
Por muito tempo os EUA se vangloriaram das próprias eleições, que seriam sinal da superioridade do sistema ocidental. Mas eleições existem para garantir força e impulso máximos para o desenvolvimento. A principal tarefa dos candidatos à presidência não é vencer eleições, mas, sendo o caso, governar o próprio país.
É mais que hora de os EUA examinarem de perto e com honestidade essa sua 'democracia' da arrogância e esse seu sistema político falhado
Original em People's Daily Online, Pequim. Artigo editado e traduzido ao inglês, de 美国选举乱象凸显制度弊端 (People's Daily)