Com a quantidade de patadas de traição que recebeu neste último ano, o progressismo deveria estar apagado do mapa, mas é como os desaparecidos das ditaduras e os mártires da história latino-americana: Memória Histórica, lealdade, consciência e resistência. É como os povos originários: imortalidade.
Cristina deveria estar em alguma ilha paradisíaca gastando os milhões que dizem que roubou, ou dando aulas em alguma universidade dos Estados Unidos, como muitos ex-presidentes que se ajoelham diante do capital. Dilma e Lula, ladrões segundo a desinformação midiática, deveriam estar gozando aos montes o fruto da traição. Cuba, depois de Fidel, deveria estar se rendendo perante as garras estadunidenses e implorando perdão pela insolência de ter se atrevido... Mas não tem Cuba depois de Fidel, Cuba é Fidel.
A Venezuela, com a infinidade de golpe brandos que recebe praticamente todos os dias, deveria estar fulminada, com Maduro em Guantánamo acusado de terrorista e ditador, ou assassinado em algum julgamento desses que inventam a direita e os Estados Unidos, como ocorreu com Gadafi (que a história não esqueça!) e a ultradireita a mando do país e os saques milionários.
Evo, que tem honrado a Bolívia marginalizada, deveria ser um “índio pés calejados” preso político em seu próprio país pela insolência de ter levantado a cabeça, ver cara a cara e alçar a voz em nome dos seus, pelo povo boliviano milenarmente humilhado e explorado. Pela decência de ter nomeado e visibilizado o que as mentes colonizadas menosprezam.
Correa, que deu ao Equador o que nenhum presidente em sua sua história deu, tem sido terrivelmente caluniado dentro e fora de seu país. E se a golpes brandos nos referimos, ele, como todos os presidentes progressistas, também os sofreu.
Razões pelas quais o progressismo na Pátria Grande deveria estar morto há muitas, uma infinidade. Mas o que acontece que ele não acaba de sucumbir? Por que tem resistido tanto? Porque nasce da humanidade, da solidariedade, do compromisso social com os povos da América Latina e do mundo. Nasce da identidade latino-americana dos povos originários.
O progressismo nasce com Chávez, Lula e Néstor naquele 5 de novembro na IV Cúpula das Américas no mesmo instante em que disseram não à ALCA, não à ingerência dos Estados Unidos.
Vêm como ramificação dos mártires, dos desaparecidos, dos párias que através da história do tempo foram humilhados, explorados e golpeados pelo sistema, a injustiça e a impunidade.
O progressismo vem com o Niño Arañero [N.T.: apelido de Hugo Chávez quando criança, porque era pobre e ajudava a sustentar a família vendendo doces conhecidos como “aranhas”], o grande sonhador da bela Venezuela e da América do Sul jovial. Nada mais e nada menos que o propulsor da Revolução Chavista. Vem com o braço irmão entre Cuba e o resto da Pátria Grande: quando Chávez e Fidel criam a Alianza Bolivariana para os Povos de Nossa América. Quando se unem em um só coração a Revolução Cubana e a Revolução Bolivariana.
Ao contrário da desinformação midiática e os ataques constantes da OEA e o golpe traidor do Mercosul agora com Temer e Macri, que querer retirar a Venezuela para desestabilizar o país e o progressismo, este segue em resistência. Vemos Cristina, Dilma e Lula na Argentina e no Brasil fazendo frente e nas ruas, como povo que são, entre o povo e com o povo. Vemos Maduro, Evo e Correa fazendo sua parte em seus países e fortalecendo a integração e a estabilização da América Latina milenar.
A midiatização é poderosa e o capitalismo é genocida, não deixarão de insistir na ingerência e na manipulação, não deixarão de atacar com fúria de águia imperial porque a América Latina, apesar da invasão, dos genocídios e dos saques milenares, segue sendo a Pátria Grande que resiste com a identidade inquebrantável de povos originários.
Agoniza o progressismo latino-americano? Não, está mais vivo que nunca e resiste com honra, consciência, humanidade e amor. Com lealdade e Memória Histórica.
Ilka Oliva Corado
@IlkaOlivaCorado
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14 de dezembro de 2016, Estados Unidos
Tradução do Diário Liberdade