Não. Não há razão alguma para concluir que a campanha por ‘Diretas, Já’! diminui, ameaça, ou, pior ainda, sabota a preparação da greve geral do próximo dia 30 de junho. Ao contrário, os atos já realizados pelas Diretas Já acumulam forças para que a próxima greve geral possa até ser superior à última greve em 28 de abril. Porque respondem à questão central da conjuntura, que é a possibilidade de derrubar Temer. O exemplo dos artistas defendendo a greve geral no ato por Diretas Já, no Largo da Batata, em São Paulo, no domingo passado, é irrefutável.
Quem está interessado nas ‘Diretas, já’ é somente o PT? Essa campanha só serve para abrir o caminho para Lula? Não. Não é verdade que a campanha por ‘Diretas, Já’ é um trampolim para tentar eleger Lula. A campanha interessa a todos os que querem derrubar Temer e impedir que o Congresso Nacional eleja o possível sucessor a portas fechadas. Se Temer cair, e não venhamos a conquistar as ‘Diretas, Já’, as mesmas forças políticas que sustentaram Temer, até ontem, elegerão, facilmente, alguém que receba a confiança da classe dominante, e manterão a agenda das reformas e manterão Meirelles.
O fato de Lula estar em primeiro lugar nas pesquisas de opinião, ainda que com uma taxa de rejeição muito elevada, não deveria ser um obstáculo para que a esquerda anticapitalista se comprometa com esta campanha.É verdade que a estratégia do PT, até três semanas atrás, era fazer pose de oposição às reformas (afinal, Dilma Rouseff era, também, a favor de uma reforma nas relações trabalhistas e da previdência, não esqueçamos), desgastar Temer, e acumular forças para a campanha eleitoral de Lula 2018. Mas, a conjuntura mudou, e a direção do PT mudou, também, a sua localização. Passou a apostar que é possível derrubar Temer. Sabe que sairá fortalecida se Temer, que chegou ao poder através do impeachment de Dilma Rousseff, vier a cair. Ignorar este reposicionamento seria uma tolice obtusa.
O PT, ou o PCdoB merecem confiança como aliados nesta campanha para tentar derrubar Temer e conquistar ‘Diretas, Já’? Não, nenhuma.
Mais de uma vez, no passado, os dirigentes do PT dissimularam posições de luta em público, enquanto, discretamente, faziam negociações paralelas. Não há razões para pensar que mudaram, ou que será diferente neste processo. São especialistas na arte do “faz de conta”, na mágica de “sair de costas fingindo que estão entrando pela frente”. Tanto mais que agora a direção do PT está consciente de que uma condenação de Lula em Curitiba é iminente. Não perderão a oportunidade de tentar negociar a preservação de Lula, e de outros líderes acossados pela Lava Jato, em troca de um compromisso com a “governabilidade”. Este perigo é real (...)Não obstante, não participar dos atos pelas ‘Diretas, Já’, porque poderá ocorrer uma vacilação ou conchavos futuros, facilita a possibilidade da direção do PT e seus satélites realizarem manobras.
Fonte: Esquerda Online.