Conhecim o John a inícios dos anos 90, quando éramos dous rapazes de vinte e poucos anos.
Alguns aqui já o conhecíades de antes, outros conheceste-lo mais tarde, porque desde aquela, como nós, ele nunca mais abandonou o seu compromisso vital com este povo e com a sua língua.
Sabíamos desde sempre da sua fraca saúde, que ele tratava como umha companheira inseparável e com umha atitude de permanente dignidade. Assi foi até o seu derradeiro dia.
Vimo-lo assumir durante anos responsabilidades na direçom da sua amada, a Fundaçom Artábria. Levar as contas, atender o balcom no Festival da Terra e da Língua... sempre crítico implacável e bem-humorado de todo o que se fazia mal... e inclusive de algumha cousa se fazia bem. Ainda limitado pola saúde, ele estava sempre disponível para o trabalho coletivo.
Vimo-lo mesmo fazer frente com toda a fortaleza das suas convicçons à ameaça física da polícia em mais de umha manifestaçom, porque, como sabedes, o John era um firme defensor da independência da Galiza e inimigo declarado de Espanha e do capital.
As suas limitaçons físicas nom o levárom nunca à resignaçom e luitou também por se incorporar ao mercado de trabalho. Como tantos de nós, provou o sabor amargo da emigraçom.
Felizmente, pudo regressar para viver os seus últimos anos, ainda novo como era, junto aos seus pais, irmao, irmá e a todos nós.
Ainda tivemos tempo de desfrutar de boas conversas com ele durante estes últimos anos.
Às vezes, tenho dúvidas sobre se as nossas luitas vitais por um mundo melhor valem a pena ou se devemos limitar-nos a padecer umha história fora do nosso controlo; mas a vida do nosso John está aí para nos lembrar que, apesar das limitaçons que a história nos impom, a emancipaçom humana é possível.
Nom som os grandes nomes que venhem nos manuais escolares os que fam a história. Som vidas simples de milhons de pessoas, como o John, comprometidas com o seu país e com o ser humano, as verdadeiras protagonistas da emancipaçom da Galiza e da Humanidade.
Até sempre, John!