Vem à raiz da criação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que envolve México, Estados Unidos e Canadá (1991). Posteriormente vem o Tratado de Livre Comércio entre Estados Unidos, América Central e República Dominicana (2004). Daqui vamos para o Plano Mérida ou Plano México (2008). Cópia do Plano Colômbia. Para terminar de arrematar criam o Plano Aliança para a Prosperidade do Triângulo Norte da América Central em 2015.
Crianças e adolescentes migrantes1Os meios de comunicação em espanhol nos Estados Unidos se encarregaram de propagar a notícia e espalhá-la como um rastilho de pólvora. Em menos de dois dias já se viam as chamadas e foram realizados programas especiais em jornais, revistas, rádios e televisão. Viajavam para a fronteira entre México e Estados Unidos; e outros mais afoitos foram até o triângulo norte da América Central e se meteram até na cozinha das casas nos arrabaldes; a meta era sacar a melhor vantagem da tragédia permanente dessas crianças.
Foi assim que vimos entrevistas e reportagens de crianças e adolescentes cruzando o rio Bravo ou aventurando-se no deserto entre Sonora e Arizona. Midiatizando esta tragédia se aumentava a denúncia de Obama, a mencionada crise, e assim com o pretexto de que essas crianças estavam em perigo, militarizar desde a fronteira sul dos Estados Unidos, até Honduras.
Entre meados de 2014 e em 2015 foram implementados o Plano Fronteira Sul, no México, e o plano Maya-Chortí, entre Guatemala, El Salvador e Honduras. O pretexto? Enfrentar o crime organizado, que tinha que ver com o sequestro, abuso e assassinato de migrantes em trânsito e o tráfico de drogas. Mas o objetivo fundamental era minar a região, por causa da criação do Canal da Nicarágua.
Durou um mês o barulho dos meios de comunicação com a crise das crianças migrantes. Depois foi para debaixo do tapete: o governo dos Estados Unidos e os do México e do triângulo norte de Centro América já tinham o que queriam.
Em 2014 cuando explodiu a crise – segundo Obama – foi criado um programa de apoio, pelo qual essas crianças ao chegar aos Estados Unidos podiam solicitar asilo. Eram milhares os que viajavam – como vinham fazendo há 20 anos – e poucos conseguiam asilo, a maioria era deportada. Há alguns dias a administração Trump cancelou o programa e agora essas crianças serão logo deportadas.
Não é a administração Trump, é o sistema. No ano passado em uma reunião da ONU, os governos de Honduras, Guatemala e El Salvador, enviaram suas delegadas para dizer que as crianças e adolescentes que viajavam sozinhos para os Estados Unidos não o faziam porque em seus países estivessem correndo risco de morte, mas por que os movia a ambição da riqueza e o sonho americano. Com isto estavam preparando o terreno para o cancelamento desse programa, o que teria acontecido de qualquer forma, sem importar quem fosse o presidente.
Conseguiram seu objetivo, militarizaram a região e com isso os próprios governos, que trabalham na impunidade, são os encarregados de sequestrar, violentar e assassinar migrantes em trânsito, com o pretexto de combater o tráfico de pessoas e o narcotráfico. Mas não é só isso, adotaram na região o mesmo roteiro do Plano Colômbia para continuar com os ecocídios, as limpezas sociais, as negociações com as empresas transnacionais – mineradoras – e a violência institucionalizada; essas crianças e adolescentes que nos últimos três anos tinham a esperança de pedir asilo nos Estados Unidos, serão deixados à sua sorte, para que o crime organizado, a partir dos governos os sigam utilizando como carne de canhão.