Escrever se chove, se faz sol, se está nublado, à luz de vela, na pressa, no silêncio, na madrugada, ao meio dia, no banheiro, no ônibus, na rua, no fim da extirpação.
Escrever na embriaguez, na sobriedade, na agonia, no pranto, na perda, no abandono. Na alienação. Na abundância. No vício. Apesar das circunstâncias, escrever.
Escrever sem vergonha, na timidez, na embriaguez, no embaraço, sem medo, apesar do temor, sem decoro, na ansiedade; na alegria, na histeria, na dor, na incerteza, no êxtase. Escrever sem parar, sem delicadeza, com ternura, com cólera, sem pressa, na precipitação, na urgência, na solidão, escrever, escrever, escrever.
Escrever na nudez, na culpa, no desassossego, no descoberto, na calidez, na paranoia, escrever na insatisfação, no questionamento, na placidez, no descontentamento. Escrever, escrever, escrever.
Escrever com sede, na agonia, com a ferida aberta, escrever em carne viva, na restauração, na destruição, como terapia, como companhia, como catarse, como expressão, como realização. Escrever, escrever, escrever.
Escrever na desconfiança, no vazio, como cura. Escrever sana, escrever cura, fortalece, conduz, satisfaz, escrever liberta. Escrever, escrever, escrever em todas as horas, todos os dias, como respiração...