Em 1838, Engels e Edgar Bauer escreveram um poema que descrevia o então jovem de 20 anos desse modo: “O velho camarada de Trier, em fúria vociferando / Seu punho maligno ele brande, e grita interminavelmente / Como se dez mil demônios o agarrassem pelos cabelos...”
Marx casou com Jenny von Westphalen após longos sete anos de namoro. A demora devia-se à oposição de ambas as famílias. A dela, aristocrata, poderosa e extremamente reacionária, não gostava das ideias perigosas do pretendente.
Quanto à família de Marx, seu pai temia que o “espírito demoníaco” do filho fosse incompatível com uma vida doméstica feliz. Uma previsão baseada na incapacidade do filho em conviver com as injustiças que via a sua volta sem lhes dar combate. Essa disposição realmente viria a lhe custar os meios de sobrevivência e tornar raros os momentos de paz, sempre perseguido pelas polícias políticas da época.
Mas essa inquietação combativa de Marx também era partilhada por Jenny, uma mulher cujo brilho humano e intelectual ainda está por ser reconhecido. Nem nos piores momentos, incluindo a perda de filhos e temporadas sem ter o que comer, ela teve qualquer dúvida ou arrependimento quanto a manter-se ao lado daquele que escolhera como seu companheiro.
Alguma pílulas trouxeram esses momentos da vida de Marx e sua família. Mas a maioria delas trata, principalmente, datradição revolucionária por ele inaugurada. Ao nos aproximarmos de seu centenário, é sempre bom lembrar: Marx foi antes de tudo, um revolucionário. Um demônio a atormentar os exploradores e poderosos.