Todos nós aprendemos na escola um belíssimo poema de Castro Alves, denunciando o trafico negreiro, e se queixando amargamente de que no mastro dos navios dos traficantes ondulava “o auriverde pendão de nossa pátria”: os escravagistas usavam a bandeira nacional para ornamentar seu infame comercio de vidas humanas.
Um século e meio depois da tragédia escravagista temos agora a farsa da destituição “legal” da Presidenta, – isto é, do golpe de estado disfarçado – mais uma vez usando a bandeira como decoração de seus negócios escusos. Já não se trata de tráfico negreiro mas de uma nova forma de escravidão: a submissão do país aos ditados do capital financeiro, do latifúndio, das multinacionais, do imperialismo. Os representantes do agro-negócio que está destruindo nossas verdes florestas – a começar pela Amazônia, devastada pelo gado e pela soja – e dos bancos que roubam e especulam com o “ouro” do país, são bastante numerosos na bancada golpista. Só não conseguiram ainda apagar as estrelas do Cruzeiro do Sul...
Fonte: Boitempo