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Diário Liberdade
Segunda, 15 Agosto 2016 16:14

Obama contra Trump, Putin e Erdogan: Golpes podem derrotar governos eleitos

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James Petras

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"Muitos dos nossos interlocutores foram expurgados ou presos". James Clapper, Director da Inteligência dos EUA acerca do golpe turco (Financial Times, 8/3/16, p. 4)


Introdução

Washington organizou uma campanha sistemática, global e ilimitada para expulsar o candidato presidencial republicano, Donald Trump, do processo eleitoral. O virulento ânimo anti-Trump, os métodos, os objectivos e os mass media assemelham-se a regimes autoritários a prepararem-se para derrotar adversários políticos.

Esforços de propaganda comparáveis levaram a golpes políticos no Chile em 1972, no Brasil em 1964 e na Venezuela em 2002. As forças anti-Trump incluem partidos políticos, um juiz do Supremo Tribunal, banqueiros da Wall Street, jornalistas e editorialistas de todos os media mais importantes e os principais porta-vozes militares e da inteligência.

O violento e ilegal esbulho de Trump por Washington é parte integral de uma vasta campanha mundial para o derrube de líderes e regimes que levantem questões acerca de aspectos das políticas imperiais dos EUA e UE.

Trataremos de analisar a política da elite anti-Trump, os pontos de confrontação e propagada, como um prelúdio para impulsionar remover oposição na América Latina, Europa, Médio Oriente e Ásia.

O golpe anti-Trump

Nunca na história dos Estados Unidos um Presidente e um Juiz do Supremo Tribunal advogaram abertamente o derrube de um candidato presidencial. Nunca a totalidade dos mass media empenhou-se dia e noite numa propaganda unilateral para desacreditar um candidato presidencial ao sistematicamente ignorar ou distorcer as questões sócio-económica centrais da sua oposição.

O apelo ao derrube de um candidato eleito livremente é nada mais, nada menos do que um golpe de estado.

As principais redes de televisão e colunistas pedem que as eleições sejam anuladas, seguindo a pista do Presidente e de líderes eminentes do Congresso e dos partidos republicano e democrata.

Por outras palavras, a elite política rejeita abertamente processos eleitorais democráticos em favor da manipulação autoritário e do engano. A elite autoritária confia na ampliação de questões terciárias, em discutíveis apelos de julgamento pessoal a fim de mobilizar apoiantes para o golpe.

Eles evitam sistematicamente as questões económicas e políticas centrais que o candidato Trump levantou – e atraíram apoio maciço – as quais desafiam políticas fundamentais apoiadas pelas elites dos dois partidos.

As raízes do golpe anti-Trump

Trump levantou várias questões chave que desafiam a elite democrata e republicana.

Trump atraiu apoio de massa e ganhou eleições e inquéritos de opinião pública ao:

Rejeitar os acordos de livre comércio que levaram grandes multinacionais a se relocalizarem no exterior e desinvestirem em empregos industriais bem pagos nos EUA.

Apelar a projectos de investimento público em grande escala para reconstruir a economia industrial dos EUA, desafiando o primado do capital financeiro.

Opor-se à ressurreição da Guerra Fria com a Rússia e a China e promover maior cooperação económica e negociações.

Rejeitar o apoio dos EUA à acumulação militar da NATO na Europa e à intervenção na Síria, África do Norte e Afeganistão.

Questionar a importação de trabalho imigrante, o qual reduz oportunidades de emprego e salários para cidadãos locais.

A elite anti-Trump evita sistematicamente debater tais questões; ao invés disso distorce a substância das políticas.

Ao invés de discutir os benefícios no emprego que resultarão do fim das sanções à Rússia, os que tramam o golpe berram que "Trump apoia Putin, o terrorista".

Ao invés de discutir a necessidade de redirigir investimento interno para criar empregos nos EUA, a junta anti-Trump fala por clichés a afirmarem que a sua crítica da globalização "minaria" a economia dos EUA.

Para denegrir Trump, a junta Clinton/Obama recorre a escândalos políticos para encobrir crimes políticos em massa. Para distrair a atenção pública, Clinton-Obama afirmam falsamente que Trump é um "racista", apoiado por David Duke, um advogado racista da "islamofobia". A junta anti-Trump promoveu os pais estado-unidenses-paquistaneses de um militar abatido em guerra como vítima das calúnias de Trump mesmo quando eles aplaudiam Hillary Clinton, promotora de guerras contra países muçulmanos e autora de políticas militares que remeteram milhares de soldados americanos para a sepultura.

Obama e Clinton são os racistas imperiais que bombardearam a Líbia e a Somália e mataram, feriram e deslocaram mais de 2 milhões de africanos negros ao sul do Saara.

Obama e Clinton são os islamófobos que bombardearam e mataram e expulsaram cinco milhões de muçulmanos na Síria e um milhão de muçulmanos no Iémen, Afeganistão, Paquistão e Iraque.

Por outras palavras, a política errada de Trump de restringir a imigração muçulmana é uma reacção ao ódio e à hostilidade engendrada por Obama e Clinton com o genocídio de um milhão de muçulmanos.

A política "America First" de Trump é uma rejeição de guerras imperiais além-mar – sete guerras sob o governo Obama-Clinton. Suas políticas militaristas incharam défices orçamentais e degradaram padrões de vida nos EUA.

A crítica de Trump à fuga de capitais e de empregos ameaçou a locupletação de mil milhões de dólares por parte da Wall Street – a razão mais importante por trás do esforço bi-partidário da junta para afastar Trump e o apoio que tem da classe trabalhadora.

Ao não seguir a agenda de guerra bi-partidária da Wall Street, Trump esboçou uma outra agenda que é incompatível com a estrutura actual do capitalismo. Por outras palavras, a elite autoritária dos EUA não tolera as regras democráticas do jogo mesmo quando a oposição aceita o sistema capitalista.

Além disso, a busca de Washington do "poder único" estende-se através do globo. Governos capitalistas que decidam seguir políticas externas independentes são alvos para golpes.

A junta Obama-Clinton torna-se frenética

O golpe contra Trump proposto por Washington segue políticas semelhantes àquelas dirigidas contra líderes políticos na Rússia, Turquia, China, Venezuela, Brasil e Síria.

O presidente russo, Putin, foi demonizado diariamente pelos media de propaganda dos EUA durante quase toda uma década. Os EUA apoiaram oligarcas e promoveram sanções económicas; financiaram um golpe na Ucrânia; instalaram mísseis nucleares na fronteira da Rússia e lançaram uma corrida armamentista para minar políticas económicas do Presidente Putin a fim de provocar um golpe.

Os EUA apoiaram o "governo invisível" do seu apaniguado (proxy) gulenista no golpe fracassado para derrubar o Presidente Erdogan, por este deixar de adoptar totalmente a agenda dos EUA para o Médio Oriente.

Da mesma forma, Obama-Clinton apoiaram golpes bem sucedidos na América Latina. Foram orquestrados golpes em Honduras, Paraguai e mais recentemente no Brasil para minar presidentes independentes e assegurar regimes neoliberais satélites. Washington apressa-se para impor à força o derrube do governo nacional-populista do Presidente Maduro, na Venezuela.

Washington aumentou seus esforços para desgastar, minar e derrubar o governo do Presidente Xi-Jinping, da China, através de várias estratégias combinadas. Uma acumulação militar de uma força de ar e terra no Mar do Sul da China e bases militares no Japão, Austrália e Filipinas; agitação separatista em Hong Kong, Formosa e entre os uigures; acordos comerciais de livre comércio entre EUA, América Latina e Ásia que excluem a China.

Conclusão

A estratégia de Washington de golpes ilegais e violentos para manter a ilusão de império estende-se através do globo, indo desde Trump nos EUA a Putin na Rússia, desde Erdogan na Turquia a Maduro na Venezuela e Xi Jinping na China.

O conflito é entre o imperialismo dos EUA-UE apoiado pelos seus clientes locais contra regimes endógenos enraizados em alianças nacionalistas.

A luta é contínua e prolongada e ameaça minar o tecido político e social dos EUA e da União Europeia.

A principal prioridade para o Império estado-unidense é minar e destruir Trump por quaisquer meios. Trump já levantou a questão de "eleições manipuladas" ("rigged elections"). Mas a cada ataque dos media da elite a Trump parece aumentar e fortalecer seu apoio de massa e polarizar o eleitorado.

Quando as eleições se aproximam, será que a elite se limitará à histeria verbal ou passará dos assassínios verbais para os de "outra espécie"?

A estratégia global do golpe de Obama mostra resultados mistos: eles tiveram êxito no Brasil mas foram derrotados na Turquia; eles tomaram o poder na Ucrânia mas foram derrotados na Rússia; eles ganharam aliados de propaganda em Hong Kong e Formosa mas sofreram graves derrotas económicas estratégicas na região quando a China avançou políticas comerciais asiáticas.

Quando as eleições estado-unidenses se aproximam, e o legado imperial perseguido por Obama entra em colapso, podemos esperar maiores fraudes e manipulações e talvez mesmo o recurso frequente a assassínios daqueles que a elite designa como "terroristas".

Fonte: Resistir.

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